São Paulo (AUN - USP) - Documentos, partituras e fotografias de um compositor e o acervo artístico de um escritor e crítico de arte. É com a intenção de mostrar o que as escolhas artísticas e a vida refletem nas obras que o Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP inaugura, simultaneamente, duas exposições: A arte brasileira pelo olhar de Mário de Andrade e Vida de artista - Camargo Guarnieri, a partir do dia 23 de agosto.
As exposições buscam, através do contexto moderno em que ambos os artistas se inserem, traçar uma relação entre quadros colecionados por Mário de Andrade ao longo de sua vida – expondo suas escolhas do modernismo brasileiro e do expressionismo alemão –, e cartas, fotografias, partituras e documentos pessoais do compositor e maestro brasileiro Camargo Guarnieri.
Segundo Elly Rozo Ferrari, educadora do IEB, que coordena as visitas monitoradas às duas exposições, o propósito das mostras é fazer um traçado do moderno da década de 1920 até o começo de 1930, em Mário de Andrade e, no caso de Camargo Guarnieri, mostrar como sua obra refletiu sua vida, tanto musical quanto profissional: “No caso de Guarnieri, o que estará em exposição é a produção como maestro e compositor, sua obra. No caso de Mário de Andrade, sua coleção, suas escolhas artísticas”, salienta.
O antropófago
A idéia era deglutir, processar e construir algo novo, que remetesse ao primitivismo-original. Atingindo o ápice com a Semana de Arte Moderna de 1922, o modernismo trouxe à tona vários nomes da literatura, artes plásticas e música que até hoje influenciam as produções artísticas brasileiras.
Com base no catálogo da coleção de artes plásticas de Mário de Andrade, a exposição reúne quadros dos principais pintores do modernismo brasileiro, como Anita Malfatti, Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti, que o escritor reuniu ao longo de sua vida, doadas para a Universidade em 1968, pela família do artista.
Segundo a organizadora da mostra, Bianca Dettino, supervisora das coleções do IEB, a exposição aborda, através dos quadros, lugares por onde Mário de Andrade passou, as escolhas que ele fez e os artistas que prestigiava.
As obras vão de 1917 a 1940, e são expostas em ordem cronológica. De início, as pinturas de Anita Malfatti, que na época revolucionaram a pintura nacional. O moderno tinha de se diferenciar do realismo fotográfico, do conservadorismo social e da influência de culturas estrangeiras no Brasil. Alvo de muitas críticas pela forma até então inusitada que compunha seus quadros, a pintora foi, por algum tempo, incompreendida.
Depois de Anita, há quadros de Di Cavalcanti, artista fortemente influenciado por Malfatti. “A exposição aborda o núcleo da semana de 1922 e traz também esculturas de [Vitor] Brecheret, além de quadros da Tarsila [do Amaral]”, conta Bianca.
O virtuose
Com fotografias, peças musicais, centenas de documentos, artigos de jornal e correspondências, a exposição sobre Camargo Guarnieri mostra a vida pessoal, profissional e afetiva desse que foi um dos maiores músicos brasileiros.
Dividida em três partes – Vida afetiva, Fomentador da cultura e Trajetórias e sonoridades –, a mostra traz, para cada parte, uma música escolhida que se relaciona com os aspectos centrais explorados nos módulos, dialogando com as imagens e os objetos expostos.
Serviço
A exposição A arte brasileira pelo olhar de Mário de Andrade fica no Instituto de Estudos Brasileiros da USP até o dia 21 de dezembro. Já Vida de artista - Camargo Guarnieri será encerrada no dia 19 de setembro.
Ambas são gratuitas e abertas de segunda a sexta-feira, das 9 às 18 horas. Visitas monitoradas podem ser agendadas às segundas-feiras pelo telefone (11) 3091-2399. O IEB fica na Av. Prof. Mello Moraes, travessa 8, 140, Cidade Universitária, São Paulo.