São Paulo (AUN - USP) - A falta de um “carro-chefe” leva muitos estudantes a não se interessarem pela Física, “como aconteceu com a energia nuclear nos anos 60 e 70 e como acontece hoje com a programação de computadores, que atrai quem gosta de Matemática. Esse é um problema mundial”, disse, recentemente, o professor do Instituto de Física da USP e pesquisador do grupo de desenvolvimento de material instrucional para o ensino de Física e sua difusão, Fuad Daher Saad. Ele acredita também que vivemos um momento crítico na educação.
Para ele “os problemas atuais são resultado de decisões erradas do passado. O baixo salário dos professores associados à má formação recebida pelos mesmos nos anos de escola contribui muito para que hoje o ensino no Brasil seja de baixa qualidade, com algumas exceções, como as escolas técnicas e as escolas particulares, que pagam um salário mais justo”.
O professor acredita também que os alunos passam pouco tempo na escola e por isso o ensino fica comprometido, “nos países de primeiro mundo as crianças estudam em período integral e os professores ganham bons salários, assim podem se dedicar exclusivamente a uma escola. No Brasil, algumas escolas têm até quatro períodos por dia, é impossível ter um ensino de qualidade desse jeito”, explica. Ele também lembra que a falta de infra-estrutura das escolas públicas é um problema para o ensino de Física, “muitos estudantes não têm a oportunidade de fazer experiências em um laboratório”.
Além disso, Fuad acredita que as soluções estão longe de serem alcançadas, “em curto prazo só é possível realizar ações pontuais, que ajudem na formação de um pequeno número de estudantes, como a que o Instituto de Física faz com o ‘Show de Física’. Somente com um investimento significativo e constante em todos os níveis de ensino conseguiremos vislumbrar algum resultado em longo prazo”.