ISSN 2359-5191

28/08/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 36 - Economia e Política - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
Bolsa Família é efetiva, mas não resolve desigualdade

São Paulo (AUN - USP) - O programa Bolsa Família, combinado com inflação controlada e poder de compra do salário mínimo, de acordo com Carlos Roberto Azzoni, é responsável por cerca de 17,4% do combate às desigualdades regionais presentes no Brasil. “O salário mínimo não é tão importante em São Paulo, mas nessas regiões, é”, afirmou ele.

Em palestra na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), Azzoni destacou a importância de políticas públicas na resolução dessas diferenças regionais de qualidade de vida. Os estados do Nordeste são ainda os que apresentam IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) mais baixo dentre todas as regiões geoeconômicas brasileiras.

A concentração da renda brasileira nos estados do Sul e Sudeste do país vem diminuindo, de acordo com ele. Estados de outras regiões hoje crescem comparativamente mais. O crescimento econômico, porém, não encontra correspondente direto na melhoria de serviços públicos básicos, como energia elétrica, água encanada e rede telefônica.

Mais de 60% da resolução desse problema dependeria do mercado e iniciativa privada, de acordo com ele. Isso exigiria do governo federal não apenas ações semelhantes ao Bolsa Família, que “ajuda a não piorar a situação, mas não resolve o problema”, mas também estratégias a longo prazo para incentivar a economia local. De acordo com Azzoni, é esse o grande desafio para promover crescimento sustentado no futuro.

Além de apresentarem os maiores índices de pobreza urbana e rural, os estados mais pobres contêm também diferença mais pronunciada entre sua cidade mais rica e sua mais pobre, diz Azzoni. Isso incentiva a “fuga de cérebros” para as capitais dos estados e, também, para os estados do Centro-Sul. Os migrantes que chegam a São Paulo, destaca Azzoni, têm em 2000, na comparação com 1991, maior escolaridade. A proporção de migrantes com mestrado ou doutorado cresceu em 600% no período.

A renda injetada pelos programas de assistência do governo, acrescenta ele, também têm efeitos positivos para outras regiões, das quais certos produtos são adquiridos. Os setores que mais ganham com esse “vazamento de investimento” são o têxtil, o de transportes e o alimentício.

De acordo com Joaquim José Martins Guilhoto, também presente na palestra, esse vazamento se dá por conta da alta dependência dos estados com relação aos estados do Centro-Sul, especialmente São Paulo, de onde grande parte da produção industrial, de serviços e também agropecuária sai. Guilhoto considera as “Bolsas” do governo “transferência de renda”, dos estados que arrecadam mais impostos para estados mais pobres.

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