ISSN 2359-5191

28/08/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 36 - Sociedade - Escola de Artes, Ciências e Humanidades
Projeto da USP promove compartilhamento de bens culturais

São Paulo (AUN - USP) - O projeto de extensão Reserva Cultural é um espaço de compartilhamento de livros, fitas de vídeo, DVDs, revistas, jogos, CDs e softwares. Iniciado em maio de 2006 na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP (EACH), tem por objetivo a promoção do acesso ao conhecimento e à cultura através de uma prática solidária e cooperativa, que seus voluntários esperam que se espalhe. Há, porém, um entrave a isso: o campus da unidade é fechado a pessoas externas.

“Temos um problema que é de acessibilidade, em função da estrutura universitária, então, se não podemos trazer as pessoas para cá, vamos fazer outras comunidades descobrirem que esta é uma possibilidade de potencialização do conhecimento e do saber no bairro, na associação de moradores, na escola”, afirma Alessandro Soares da Silva, professor da EACH e um dos coordenadores da Reserva. Para realizar esta expansão está sendo apresentado um projeto para a Petrobrás com objetivo de conseguir verbas para um jornal, novos equipamentos e bolsas – atualmente o projeto conta apenas com uma bolsa-trabalho.

A comunidade tem atualmente 149 membros entre professores, alunos e funcionários, que juntos têm acesso a cerca de 1500 livros, 280 fitas de vídeo, 150 DVDs, entre outros materiais. Para participar é necessário ser convidado por um membro e trazer bens culturais para compartilhar. “Isso não é uma biblioteca, não é uma vídeo-locadora, é um lugar onde o compartilhamento é o elemento de socialização e de transformação da própria realidade de cada participante”, afirma Alessandro.

A fonte de inspiração do projeto são os “faxinais”, sistemas de produção agropecuária familiar baseada no uso comunal da terra, característicos dos estados do Sul do Brasil. Reconhecidos apenas em 2005 como parte das populações tradicionais do país – junto a povos indígenas, quilombolas, caiçaras, entre outros –, os “faxinalenses” apresentam um modo de vida comunitário e solidário, marcado pela integração ao meio ambiente. Modos de produção semelhantes existem em outros países com diferentes nomes: ejidos, na Espanha; commons, nos países de origem anglo-saxã; e Allmende ("que é de toda a comunidade") entre alemães e suíços.

“Você traz aquilo que te pertence, aquilo que você reconhece como cultura, para que o outro também tenha acesso. Ao mesmo tempo, você terá acesso a coisas que você não teria graças a este outro que também pensou em compartilhar. Você reconhece o valor do outro e dos bens que o outro traz e disso você tem uma oportunidade de transformar as próprias relações sociais, de uma visão individualista para uma visão coletiva, onde o que interessa é o bem de todos”, diz Alessandro.

Segundo Júlio Francisco Pedroni e Vitor Antunes Vital, voluntários do projeto, na Reserva Cultural as decisões são tomadas coletivamente, rompendo-se a estrutura hierárquica característica da universidade.

“Num país em desenvolvimento cuja imensa maioria da população tem dificuldade de obter um acesso mais amplo aos diversos bens culturais, a Reserva Cultural pode ser uma forma criativa de apresentar uma solução ao acesso desigual a tais bens”, afirma o site do Projeto, desenvolvido em software livre.

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