ISSN 2359-5191

12/09/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 40 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Matemática e Estatística
Uso excessivo do Google pode prejudicar o raciocínio

São Paulo (AUN - USP) - Um rapaz convida sua namorada para jantar na sua casa. Jantar à luz de velas, casa arrumada, música romântica. Tudo perfeito, exceto pelo fato que o rapaz não tem a mínima idéia de que ou como cozinhar. Ele entra em pânico. A primeira coisa que pensa, antes mesmo de abrir um livro de receitas ou ligar para alguém que saiba preparar um bom prato, é buscar o que cozinhar no Google. Pronto: rapidamente ele encontra uma receita e se põe a bater as panelas. O problema é que ele não tem a mínima idéia de quanto sal ou tempero colocar, já que essa resposta o Google não lhe deu. Resultado? Um desastre culinário.

Esta é a maior crítica do professor de Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo (IME/USP), Roberto Hirata Júnior, ao sistema de buscas Google. “Antes de pensar numa solução própria para um problema, a pessoa pode acostumar-se facilmente a buscar a solução nele. Para um adulto bem formado, talvez isso acarrete apenas uma perda de tempo. Para uma criança em formação, talvez as conseqüências sejam piores, como a perda de agilidade intelectual, má formação do senso crítico e etc.”, diz.

Mas como funciona o Google e qual a razão de seu sucesso? Para responder à essa pergunta, Hirata compara o sistema a um jornaleiro de bairro que conhece bem seu bairro: muitas pessoas o procuram porque ele tem as coordenadas certas. Suas indicações por esta ou aquela direção vão depender do próprio interesse dos internautas. Quanto mais acessos, maior a possibilidade de uma página aparecer no topo da busca e, consequentemente, maior a chance de ser ainda mais acessada. “Esse sistema dá uma nota para cada página a partir do interesse dos usuários. Assim, quando alguém faz uma busca, essa nota auxilia um sistema de indexação, como as páginas amarelas, na apresentação dos resultados”, afirma Hirata. “Se, num certo domingo, tem muita gente pedindo informações sobre um certo restaurante, digamos, o “Restaurante do Luigi”, e aparece uma pessoa perguntando por: “restaurante”; o Google vai indicar em primeiro lugar o “Restaurante do Luigi””, exemplifica o pesquisador.

A construção coletiva dos “lugares comuns” da Internet, propiciada pelo Google, é outro alvo de críticas de Hirata, que considera cedo para se empolgar com uma tendência de “inteligência coletiva” apontada por alguns pesquisadores. Ou seja: nem tudo que é muito acessado na Internet é um conteúdo de boa qualidade ou confiável. “A Rede deu a possibilidade de qualquer pessoa publicar o que escreve. Pois bem, dessa forma, um monte de lixo é colocado no ar, e algumas coisas boas. Será que essa "inteligência coletiva" não vai ficar “poluída”? Se você não tem um senso crítico bem desenvolvido, pode “comprar gato por lebre””, alerta.

O método de classificação de acordo com os “interesses” dos internautas e que o torna diferente dos outros sistemas de busca é justamente a principal razão do site ter caído nas graças dos usuários. O espantoso crescimento da organização levou até à criação de uma série de teorias conspiratórias que circulam pela internet, como um suposto plano do Google dominar o mundo com uma série de fusões ou que o sistema transformaria todos em zumbis. Claro que tudo isso é bobagem, mas o crescente lucro da empresa deixam os seus sócios cada dia mais otimistas. “Minha opinião é que, se eles se mantiverem na crista da onda por mais 20 anos, eles podem ficar contentes”, palpita Hirata.

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