ISSN 2359-5191

13/09/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 42 - Educação - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
Livro didático é salva-vidas do ensino básico

São Paulo (AUN - USP) - O livro didático não é uma ferramenta de apoio ao professor de ensino básico, mas sim seu “salva-vidas”. É o que afirmou Nélio Marco Vicenzo Bizzo, da Faculdade de Educação (FE-USP). “Tirar o livro didático do professor é tirar o salva-vidas de um náufrago”, afirmou em debate na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA-USP). Para ele, essa dependência dos livros didáticos se deve à qualidade da formação dos professores de ensino básico no país.

Cascavel, no Paraná, e São Caetano do Sul, em São Paulo, as cidades que detêm as melhores condições para os professores de ensino básico, são as que apresentam maior tempo de atuação dos professores em uma mesma instituição. Segundo ele, há casos de professores que lecionam há até 30 anos na mesma escola.

Apesar dessa estabilidade-modelo, de acordo com Bizzo, a qualidade da formação desses professores não é tão boa quanto poderia ser. Todos os 33 professores analisados em pesquisa tinham concluído ou licenciatura plena ou pós-graduação. Desses, 94% obtiveram seus títulos em faculdades particulares. Mas a licenciatura plena da maioria dos casos (67%) foi resultado de dois cursos complementares. À licenciatura curta, obtida em até um ano e meio, eles acrescentaram mais 480 horas de curso de complementação. O último torna a licenciatura curta equivalente a uma licenciatura plena, desde a Constituição de 1997, de acordo com o professor.

Sua colega de mesa, a professora Maria Dolores Montoya (da FEA), complementa: segundo ela, o professor brasileiro se sente “desamparado” ante à definição da seqüência de suas aulas, à forma e à metodologia de ensino. No Brasil, de acordo com Bizzo, o Ministério da Educação (MEC) não apresenta padrões rígidos para um modelo de educação, mas “apenas diretrizes”.

De acordo com Maria Dolores, este é outro dos defeitos da educação no país: o MEC tende a não pensar num modelo que abranja todas as escolas. Ela apresentou os dados do Pisa de 2003. Tanto as escolas particulares quanto as públicas tiveram desempenho abaixo até mesmo do de países com tradição educacional parecida, como o México. Nas provas de ciências, as particulares ficaram em 32o lugar, e as escolas brasileiras em geral, em 40o.

Ainda segundo Maria Dolores, este fraco desempenho se deve não só à qualidade dos professores responsáveis pela educação básica, como também pelo mau investimento do governo em educação. Em 2006, cerca de 6,6% do PIB nacional foi injetado na área. Nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), onde o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é mais alto, a proporção investida foi de 5,8%. “O Brasil não gasta pouco com educação”, disse ela, “gasta é mal”.

De acordo com Marcos Rangel, também da FEA e também presente no debate, a participação dos pais na educação dos filhos também surte efeitos positivos sobre o desempenho dos alunos. Ele estuda o impacto de “experimentos aleatórios”, projetos pontuais aplicados em pequenas unidades escolares. Com métodos personalizados, esses experimentos, afirma ele, são altamente efetivos.

Leia também...
Nesta Edição
Destaques

Educação básica é alvo de livros organizados por pesquisadores uspianos

Pesquisa testa software que melhora habilidades fundamentais para o bom desempenho escolar

Pesquisa avalia influência de supermercados na compra de alimentos ultraprocessados

Edições Anteriores
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br