São Paulo (AUN - USP) - A matéria escura é uma partícula que nunca foi detectada pelo homem. Mas isso tende a mudar em pouco tempo. Em palestra realizada no Instituto de Física da USP (IFUSP) o professor do Instituto de Física Teórica da UNESP, Rogério Rosenfeld disse que experiências programadas para o ano de 2008 deverão identificar essa estranha partícula.
Acredita-se que a matéria escura constitui cerca de 25% do universo, enquanto a matéria feita de átomos, conhecida pela Física, constitui apenas 4%. Ela recebeu esse nome por não interagir com a luz e por isso não é detectável por telescópios. Ela também interage de forma muito fraca com os átomos, o que a torna ainda mais difícil de se detectar. Sua interação é quase que exclusivamente gravitacional. Só se conhecem indícios de sua existência, obtidos através de cálculos matemáticos e a partir de informações de satélites.
Uma série de experimentos realizados por vários países tentam detectar a matéria escura através de cristais instalados no subsolo. Eles ainda não chegaram a resultados conclusivos, mas, segundo Rogério Rosenfeld, “os vários experimentos em curso e planejados irão aumentar a sensibilidade e serão capazes de ou encontrar definitivamente um sinal ou descartar modelos teóricos para a matéria escura”.
A mais nova esperança dos pesquisadores são as experiências de choque de partículas que serão realizadas no LHC (Large Hadron Collider) a partir de 2008. Rogério acredita que com o acelerador de partículas de 27 km de extensão localizado na fronteira entre Suíça e França, será possível criar e detectar matéria escura.
Caso seja confirmada a existência dessa substância, o Modelo Padrão de Partículas Elementares, que explica bem todos os dados destas partículas medidos até hoje em laboratório, poderá ser estendido e aperfeiçoado. “Sabemos que o Modelo Padrão é incompleto. A descoberta da matéria escura indicará aos físicos o caminho correto para um modelo mais preciso da natureza”, conclui Rogério.