São Paulo (AUN - USP) - O professor Marcelo Assumpção se surpreendeu com a quantidade de alunos que compareceram ao simpósio que organizou. Dez dias após o terremoto que abalou o Peru, as inscrições para o 1º Simpósio de Sismologia organizado no departamento dobraram.
Segundo o professor Assumpção, a quantidade de inscritos é explicada pelo crescimento natural do curso de geofísica, que sofre problema de evasão de alunos para outros cursos USP. Ainda não regulamentada, a carreira de geofísico não é popular entre vestibulandos.
Quarenta estudantes se inscreveram para passar a manhã do dia 25 de agosto assistindo a apresentações como a do professor peruano Jesus Berrocal. O professor, especializado em sismos na América Andina, expôs em um breve seminário suas pesquisas sobre a placa de Nazca, responsável pelos tremores que ocorrem na região.
Os principais objetos de estudo da sismologia são os terremotos e suas implicações nas estruturas rochosas da Terra. Sua previsão em curto prazo é difícil, pois suas razões estão atreladas à liberação de energia proveniente do movimento das subterrâneas placas tectônicas, que flutuam sobre o magma do centro do planeta. Porém, a previsão em longo prazo é possível, contanto que seja inexata.
Berrocal saciou a curiosidade de muitos espectadores ao comentar que um terremoto parecido como o ocorrido deverá ocorrer no intervalo dos próximos 50 a 100 anos. Entretanto, terremotos causados por ações humanas não podem ser previstos de forma alguma. É o caso dos tremores ocorridos durante os últimos anos em Bebedouro, interior de São Paulo.
Pesquisadores do grupo da sismologia determinaram a razão dos sismos de Bebedouro. Tereza Higashi mostrou aos futuros geofísicos uma importância social de seus estudos ao expor trabalho que prova que são perfurações de poços tubulares, objetivando aqüíferos da região, que provocaram os tremores.
Em sua maioria alunos do 1º ano de geofísica, seu local de aprendizado mudou após o almoço. Os estudantes se deslocaram do auditório Kenkichi Fujimori para o laboratório de informática da sala F-108, onde participaram de dois treinamentos.
O engenheiro Luís Galhardo e o professor Marcelo Assumpção explicaram a parte teórica e técnica do funcionamento de um dos maiores instrumentos de trabalho para o geofísico: o sismógrafo. Mostraram aos alunos vários desses sensíveis aparelhos que são enterrados no solo para que seja possível o monitoramento de qualquer tremor.
Entretanto, não é na detecção dos terremotos que acaba o trabalho do geofísico. Após a coleta de dados, o profissional tem de classificar e catalogá-los sob a forma de gráficos gerados por computador. Porém os programas utilizados no IAG são caros e obsoletos quando comparados ao software de código aberto apresentado por Marcelo Bianchi, no segundo treinamento oferecido.
A última etapa do 1º Simpósio de Sismologia consistiu numa breve palestra de Bianchi sobre o Generic Mapping Tools (GMT), programa capaz de gerar mapas específicos em uma duas ou até três dimensões. Apesar da aula, os alunos enfrentaram dificuldades para conseguir manejar esse programa criado por geofísicos havaianos.
Com uma duração de 11 horas, o 1º Simpósio da Sismologia do IAG-USP se encerrou. Para seu organizador, o simpósio, apesar de caseiro, movimentou os 15 alunos do grupo da sismologia e ajudou a divulgar a área de pesquisa para outros alunos do IAG, e até de outros institutos, como o IF e o IO. Isso foi suficiente para garantir que haverá outros simpósios, talvez até mais de uma vez ao ano.