São Paulo (AUN - USP) - Ele foi um dos maiores críticos de cinema no Brasil. Em suas obras, transcendia a técnica e a estética dos filmes, e procurava contextualizá-los em suas temáticas sociais e culturais. É responsável também pela criação de diversas salas de cinema, como a Cinemateca Brasileira, além de ser o precursor do Festival de Brasília. São muitos os motivos para homenagear Paulo Emílio Salles Gomes. É o que faz o Cinusp, que leva o nome do crítico, em mostra de 17 a 28 de setembro.
Apesar de completar, nesse ano, 30 anos da morte de Paulo Emílio, a mostra não reflete apenas um compromisso protocolar, segundo texto dos curadores Éder Terrin e Ricardo Monastier: “é a oportunidade de manter atual um pensamento crítico, podendo render bons debates e questionamentos, sobretudo para as novas gerações”, afirmam.
A mudança no modelo de críticas cinematográficas no Brasil foi nitidamente conduzida por Paulo Emílio. “Pode-se dizer que ele fugiu a uma série de jargões culturais e de uma linguagem cristalizada pela crítica de arte de sua época buscando, sem reservas, uma maneira mais verdadeira e profunda de analisar o cinema”, comentam Terrin e Monastier.
Além disso, o crítico lançou visão sobre a influência do cinema estrangeiro na produção brasileira. Para ele, para tornar o cinema brasileiro universal não bastava incorporar as tendências internacionais, mas sim criar um estilo próprio, levando em consideração as produções mundiais.
“Paulo Emílio gostava de cinema como um todo. A grande ressalva é que, segundo ele, o cinema brasileiro que se pretenda universal não é um cinema permeado de estrangeirismos, sua arte está justamente em saber depreender as técnicas do cinema estrangeiro sem as transpor de maneira simplista e automática para o cinema nacional”, detalham os curadores.
A mostra do Cinusp pretende explorar esses traços particulares na obra de Paulo Emílio: “a mostra pretende justamente transmitir esse equilíbrio e sem ofuscar a multiplicidade de cinematografias que o seu pensamento permeia”. Os filmes escolhidos demonstram a multiplicidade de obras sob as quais Paulo Emílio se debruçou ao construir suas críticas: de Fellini a Humberto Mauro, passando por Rossellini e Chaplin. Há também a clássica produção de Eisenstein, cineasta russo do início do século passado: A Linha Geral.
Serviço
A mostra “Paulo Emílio: Uma Homenagem” permanece em cartaz no Cinusp de 17 a 28 de setembro, em duas sessões diárias, de segunda a sexta-feira, às 16 e às 19 horas. A sala de exibição fica na Rua do Anfiteatro, 181, Colméia, favo 4, Cidade Universitária, São Paulo. As sessões são gratuitas. Confira a programação completa no site www.usp.br/cinusp.