São Paulo (AUN - USP) - É muito comum o uso de protetores bucais entre os boxeadores durante a luta. Mas, de acordo com Celso Luiz Caldeira, professor da Faculdade de Odontologia da USP, esses protetores deveriam ser utilizados em todas as práticas esportivas. Em conjunto com a Associação Brasileira de Odontologia Esportiva, o professor vem realizando uma série de pesquisas relacionadas à odontologia esportiva, uma área ainda carente de informação no Brasil.

Os traumas bucais, desde infecções até dentes a queda de dentes, são muito comuns de ocorrer com atletas em qualquer esporte. Barberini Alexandre Fonseca, também da Faculdade de Odontologia da USP, selecionou 215 atletas e constatou que 73% deles já havia tido algum ferimento prévio. Durante a prática esportiva podem ocorrer lesões que muitas vezes o atleta nem percebe. A melhor forma de prevenção recomendada por Celso Luiz é o uso de protetores bucais, tanto nos treinos como nos campeonatos. “Mas eles precisam ser usados de forma correta”, alerta.

Os protetores bucais são feitos de folha de acetato, um material “borrachóide”. Eles não são padronizados porque cada esporte requer um tipo de protetor, já que eles diminuem o impacto de forma diferente. Se usados incorretamente, sem a orientação adequada de um profissional, podem provocar problemas de respiração e articulação, por exemplo. “Chegam a afetar o rendimento físico, no caso de uma infecção que acaba atingindo outras áreas”, diz Celso.

Nos Estados Unidos, os protetores bucais são usados em praticamente todos os esportes. No Brasil, são mais freqüentes nas artes marciais, mas já estão começando a aparecer também para jogadores de basquete e handebol. Mesmo assim, de acordo com Barberini, dentre os atletas dessas modalidades, 60% não usam protetores bucais. O principal motivo é a dificuldade de respiração. Outros fatores como ânsia, comprometimento na fala e motivo estético também são apontados. Daí vem a importância de treinamentos de adaptação, orientados pelos profissionais.

O Cade (Centro de Atendimento Dentística e Endodontia) e o HU (Hospital Universitário) realizam esse tipo de atendimento, e dão orientações no caso de ocorrências de traumas. A Faculdade de Odontologia oferece cursos relacionados à odontologia esportiva na própria faculdade e em escolas da região.