São Paulo (AUN - USP) - Oito grandes empreendedores reunidos em um livro. Mas apesar desse aspecto comum é impossível não perceber grandes diferenças entre eles, chegando até a opostos. Como, por exemplo, José Tarquínio e Bernardo Mascarenhas, dois empresários têxteis no século XIX, mas que diferiam bastante em relação ao tratamento relegado aos seus empregados. O primeiro, baiano, tratava seus subalternos como iguais e oferecia benefícios como educação e saúde para todos. O último, mineiro, era um capitalista convicto e chegou a explorar mão-de-obra infantil.

Independente de tais discrepâncias, os dois se juntaram ao seleto grupo de pioneiros que fazem parte do terceiro volume da série “Pioneiros e Empreendedores: A Saga do Desenvolvimento no Brasil", escrito pelo professor da Faculdade de Economia e Administração (FEA) Jacques Marcovitch, e lançado pela Editora da Universidade de São Paulo e Editora Saraiva.

Uma das características marcantes que unem os oito nomes da publicação é a perenidade do trabalho de cada um desses grandes empreendedores. Seus esforços sobreviveram ao tempo, e hoje seus projetos, em grande maioria, ainda são dirigidos por membros da família. Como confirma o guru da administração, Peter Drucker, “O maior teste da administração é a continuidade”.

Além de Tarquínio e Mascarenhas, fazem parte do livro a família Lundgren (Lundgren Tecidos S/A - Casas Pernambucanas), Delmiro Gouveia (montou a usina hidrelétrica de Angiquinhos na divisa entre Alagoas e Bahia), Roberto Marinho, Augusto Trajano de Azevedo Antunes (conhecido como “rei do ferro”, por seus projetos em mineração), Samuel Benchimol (Grupo Bemol-Fogás) e Edson Queiroz (Grupo Edson Queiroz). Todos mostram histórias de perseverança e enfrentaram adversidades que poderiam minar seus projetos. A grande maioria iniciou sua carreira por baixo, sendo exemplos quase perfeitos do típico “self-made man”.

O livro foi lançado no começo de outubro na FEA, com a apresentação de cada um de seus personagens por estudiosos de suas vidas ou parentes em uma palestra que foi nomeada de “Pioneirismo Empresarial no Brasil e a Construção do Século XXI”. Marcovitch fez questão de afirmar que apenas estudando o passado, e dentro dele, a história desses empreendedores, seria possível dar continuidade a esse projeto de desenvolvimento. Nunca perdendo de vista, ele ainda salienta, a sustentabilidade.

Mesmo que com perfis por vezes bastante diferentes, todos os empreiteiros mostram a marca de uma grande força de vontade, resumida talvez por uma frade de um deles, José Tarquínio, que construiu uma vida produtiva não só na esfera empresarial, mas na social e intelectual: “é preciso coragem para mudar e vencer a lei do menor esforço”.

A coleção de livros ainda possui um site com banco iconográfico de todas as suas 24 personagens até agora. Também possui um mapa brasileiro, dividindo os empreiteiros por suas regiões.

Confira: http://www.usp.br/pioneiros/index.php