ISSN 2359-5191

24/10/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 65 - Sociedade - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Parceria com a Unesco aproxima USP de áreas carentes

São Paulo (AUN - USP) - Curiosamente, as cidades não são planejadas com participação suficiente dos arquitetos, segundo a professora Maria Ruth Amaral de Sampaio, da Faculdade e Urbanismo – FAU/USP. Para mudar isso, ela tornou-se uma das representantes do projeto Profissionais da Cidade, da Unesco, levando alunos e professores a resolver problemas urbanos e aliviar os paradoxos que permeiam o crescimento das cidades.

O projeto, que começou com uma iniciativa de arquitetos mexicanos, conta com profissionais de diversas áreas que possam colaborar com os estudantes de Arquitetura em seus estudos. Desde um primeiro seminário, em 2002, o Profissionais da Cidade já atuou em diferentes bairros, como Brooklin e Bom Retiro. Atualmente, os principais esforços são nos terrenos da USP que hoje são favelas: a São Remo, mais conhecida, e o anônimo Morro da USP. Em ambos os alunos da FAU estão ocupados em cadastrar a população, para então partir para um planejamento das moradias e das condições necessárias para melhorar as comunidades.

Esse contato direto com as favelas é fundamental para o projeto, segundo Maria Ruth. Só com isso é possível uma noção visual e vivencial do alcance da arquitetura, e do poder de atuação que o projeto da Unesco propõe. Isso fica claro com um caso emblemático do Profissionais da Cidade, o cortiço da Rua Sólon, no Bom Retiro, que foi totalmente reestruturado pelos alunos da FAU.

No caso do cortiço, a atuação da universidade foi fundamental, pois essas moradias são normalmente esquecidas pelo poder público. Disfarçadas na malha urbana, ela aproxima opostos, ao contrário das favelas, que nascem na periferia e ficam marginalizadas até a cidade chegar. Isso chamou a atenção dos alunos da disciplina Planejamento de Áreas Especiais – Favelas e Cortiços, que viram no prédio ocupado do Bom Retiro a oportunidade de atuar junto à sociedade.

Assim, após conversações com os moradores, foi montado um escritório piloto dentro do cortiço e estudantes moraram lá por uma semana. Nesses dias, fizeram um levantamento dos problemas e dos anseios dos encortiçados. A maior urgência era mudar a estrutura elétrica do prédio, já que os fios expostos tornavam o perigo de incêndio uma constante. Tanto que, durante a atuação dos alunos da FAU, um apartamento pegou fogo.

Depois de consertada a rede elétrica, vieram melhoras com relação à água e esgoto. Maria Ruth ressalta que as decisões foram sempre tomadas com a participação dos moradores e eles mesmos falaram que precisavam também mudar o exterior. A fachada foi o que deu cidadania aos encortiçados, explica a professora. Em uma assembléia, após toda a reforma, batizaram o local de Edifício União. Maria Ruth lembra que a maior alegria no prédio foi quando os moradores foram questionados se existiam apartamentos disponíveis para aluguel.

Agora, os moradores do Edifício União usam a lei de usucapião para conseguirem autorização da prefeitura para continuarem lá. Para Maria Ruth, essa é a maior vitória do projeto Profissionais da Cidade: dar a todos consciência do ele eles podem aspirar, e usando a universidade como ponte para essas experiências.

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