ISSN 2359-5191

26/10/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 67 - Sociedade - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
“Niemeyer paulistano” é homenageado em seminário na Câmara de São Paulo

São Paulo (AUN - USP) - Não precisa de dia para homenagear os grandes nomes da nossa cidade. Com essa idéia, o vereador Juscelino Gadelha, do PSDB, organizou o Seminário Vida e Obra de Vilanova Artigas, na Câmara Municipal de São Paulo, no dia 22 de outubro. O evento ocorreu no espaço intimista da Sala Prestes Maia, onde personalidades de diversas áreas falaram sobre o arquiteto, responsável por projetos como o Estádio do Morumbi e a sede da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo FAU/USP e destacaram ainda seu envolvimento político e suas características pessoais.

Durante todo o dia, a Sala Prestes Maia contou com a presença de amigos, familiares e ex-alunos de Vilanova Artigas, arquiteto que, mesmo paranaense, foi citado nas palestras como “Niemeyer paulistano”. Seus projetos refletem tanto sua filosofia artística, fortemente ligada ao modernismo, quanto política, dos tempos em que foi filiado ao Partido Comunista Brasileiro.

O prédio da FAU é um símbolo dessa aliança ideológica presente na arquitetura de Vilanova Artigas. Segundo o historiador Carlos Guilherme da Mota, que participou de uma das mesas do seminário, o edifício é uma manifestação contra a ditadura. Inaugurado em 1969, ele não possui portas, é um espaço fluido e transparente, refletindo um pedido de clareza e democracia no Brasil. No mesmo ano, o Regime Militar afastou Artigas da sua docência, resultado de longas brigas com a direita dentro da FAU.

Os diferentes momentos do professor Artigas foram lembrados por ex-alunos, da primeira turma da FAU, da época da cassação, e da Anistia. José Armênio Brito da Cruz, que estudou arquitetura com Vilanova em 1979, ano de sua volta, levantou inúmeras qualidades do arquiteto como docente e mentor dos mais jovens. Emocionado, ele contou sobre seu convívio intenso com Artigas e sobre a grande felicidade que a Anistia trouxe para a universidade. O arquiteto lecionou até a sua morte, em 1985.

Acima de tudo, Artigas foi lembrado por muitos como grande intelectual, artista e político. Considerado um dos mentores do PCB, o Partidão, foi comparado a outros nomes de peso que também integraram o partido, como Celso Amorim e Mário de Andrade. Seus alunos e os jovens militantes da FAU eram fortemente influenciados pelo professor, além de outros conhecidos e a imprensa. Armênio Guedes, jornalista que esteve no seminário, destacou a participação de Artigas nos jornais comunistas clandestinos. Em um plano mais atual, Guedes lembrou a resposta de Artigas ao que aconteceria ao Brasil caso o Partido dos Trabalhadores chegasse ao poder. Ironicamente, o arquiteto e intelectual teria respondido que seria “um misto de esperança e desilusão”.

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