ISSN 2359-5191

13/06/2001 - Ano: 34 - Edição Nº: 11 - Saúde - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
Doença transmitida por cães é tema de pesquisa

São Paulo (AUN - USP) - O estudo da epidemiologia de uma zoonose causada por um parasita intestinal presente em cães, a toxocaríase, é o tema da pesquisa para a elaboração da dissertação de mestrado de Vanessa Muradian, do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva da FMVZ. A pesquisa, que tem como foco a transmissão da doença na comunidade da favela São Remo (zona oeste de São Paulo), conta com a colaboração dos moradores que, fornecendo material para o estudo, também são beneficiados por ele. O estudo é coordenado pela professora Sônia Pinheiro e conta com o financiamento da Fapesp.

Segundo a pesquisadora, o primeiro passo foi o levantamento, por meio de um censo, de todos os moradores da favela e de seus animais de estimação. A partir desse dado, foram examinados os cães com até um ano de idade, responsáveis pelo depósito de fezes contaminadas pelo Toxocara canis no solo. A contaminação humana não se dá diretamente, mas através da ingestão dos ovos presentes no chão. Vanessa adianta que há uma quantidade considerável de cães infectados.

Para a fase seguinte do trabalho foram convocados, por meio de sorteio, crianças e adolescentes de um a 15 anos, que doaram sangue para a realização de exames. Vanessa explica que a toxocaríase é uma zoonose comum, mas que dificilmente é diagnosticada, pois pode atingir diversos órgãos nos seres humanos, provocando infecções que acabam mascarando a presença do agente causador, ou seja, o parasita. Por isso, os exames de sangue têm grande importância, pois acusam a presença de anticorpos. Cruzando os resultados do sangue e os sintomas apresentados pelas crianças, é possível presumir a presença do parasita.

Para mapear os hábitos das crianças, foi elaborado um questionário com perguntas referentes ao histórico médico e às condições socio-econômicas das famílias, respondido pelos responsáveis.

Vanessa diz que a participação da comunidade foi surpreendente: “Compareceram mais pessoas do que imaginávamos”. Até a penúltima semana reservada para a retirada do sangue, 262 crianças já haviam passado pelo Circo Escola, lugar que abrigou o posto de coleta de materiais. Ela acredita que o fato de os exames serem entregues aos moradores serviu como um estímulo a mais para a presença da comunidade. “Levaremos também vermífugos para os animais infectados”, promete.

A pesquisadora ressalta que, através de estudos como esse, é possível elaborar planos de combate à propagação da doença. Ela conta que um estudo de outro pós-graduando será feito com base nos dados que ela conseguir levantar. “Trata-se de um plano de conscientização nas escolas, para evitar que a zoonose se propague”, diz. O estudo de Vanessa Muradian, que agora se concentra na análise do solo para localização dos ovos do parasita, deve ficar pronto até o início do ano de 2002.

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