São Paulo (AUN - USP) - A legislação ambiental no Brasil evolui para aumentar seu escopo de atuação, atingindo um grande número de problemas. Mas essa amplitude tornou-se uma das principais fontes de confusão entre ambientalistas e cidadãos comuns que não conseguem entender o sem número de regras, restrições e implicações de tantas leis. Muitas vezes melhorias são atrasadas por essa teia burocrática. Ainda assim, segundo Alcir Vilela Junior, mestre em Energia pela Universidade de São Paulo (USP), essa legislação é o que principalmente "motiva" as empresas a adotarem uma gestão ambiental. Isso porque sempre há punições envolvidas.
Em debate realizado esse mês na Faculdade de Economia e Administração (FEA), Vilela, que também é coordenador do curso de Engenharia Ambiental do Centro Universitário Senac, engenheiro agrônomo pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), auditor ambiental e consultor, discutiu o conceito de sustentabilidade na gestão empresarial. Além da legislação mais extensa, mesmo que confusa, Vilela apontou o relacionamento entre empresas (Business to business) um dos principais motivadores para adoção de políticas ecológica e socialmente conscientes. Isso porque muitas companhias começaram a exigir de suas contratadas ou parceiras atitudes sustentáveis. Além disso, blocos econômicos e diversos países passaram adotar uma política restritiva quanto aos produtos importados e às políticas ambientais de suas respectivas indústrias.
Um dos motivadores com menor importância para a adoção de uma política ambiental por empresas, seria o consumidor. Apesar de compreender que a questão ambiental é prioritária, o consumidor estudado ainda entende essa responsabilidade como papel do governo, e ainda é relegado a um papel secundário no Brasil, enquanto em outros países toma caráter determinante.
No final, o debate direcionou-se para a discussão do papel da mídia na cobertura de políticas ambientais. Vilela afirmou que a imprensa mudou de um foco maior nos problemas ambientais para uma análise maior do que seriam boas práticas ambientais. Ele ainda caracterizou tal cobertura como inconsistente, já que depois dos anos 90 muitos jornais dispensaram seus especialistas em meio ambiente. Foi detectada também uma pulverização dos assuntos relacionados ao meio ambiente entre os diversos cadernos de um jornal, cada um deles dando sua visão específica ao assunto.
Por fim, Vilela afirmou que é muito difícil classificar o nível de sustentabilidade de uma empresa, devido a problemas interpretativos ao termo (que tipo de sustentabilidade) e a análise subjetiva que depende de cada empresa e da sociedade em que está inserida. Mais fácil, pensa ele, seria pensar em conceitos de responsabilidade sócio-econômica, que pensariam a empresa também como promotora de justiça social.