ISSN 2359-5191

21/11/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 81 - Meio Ambiente - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
Produção de berimbaus é criminosa no Brasil

São Paulo (AUN - USP) - O instrumento musical tocado pelos praticantes da Capoeira, o berimbau, é produzido de forma ilegal no seu país de origem. O economista Sergio de Souza Vieira detalhou este processo em seminário sobre sua pesquisa de pós-doutorado pelo Departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA-USP) ocorrido recentemente. O evento contou com mais quatro pesquisadores de áreas diferentes que também participaram do trabalho.

A madeira utilizada para a confecção de berimbaus é extraída de matas virgens, pois cresce apenas em locais fechados onde o sol não incide intensamente. O caule se alonga em busca da luz e toma o formato ideal para fazer o instrumento. A árvore retirada da mata, além disso, é jovem, com cerca de 2 anos de idade, e pode ser de inúmeras espécies. Pela legislação ambiental brasileira, esse extrativismo é criminoso.

“Eles [os extrativistas] estão derrubando de tudo para fazer um arco e atender uma demanda comercial. Não há replantio nem manejo sustentável”, afirma Sergio Vieira. Para ele, a situação ainda é agravada pelas dimensões do problema. “Todos os praticantes da Capoeira, no mundo todo, querem ter seu instrumento. É uma relação de pertencimento a um grupo, uma relação de identidade”. Segundo sua pesquisa, a Capoeira está presente em 132 países, e o Brasil exporta berimbaus a todos eles. “O sol nunca se põe no império do berimbau”, brinca o pesquisador.

A pesquisa sugere que o arame exerce o papel principal na produção do som do berimbau e não a madeira, como acredita a maioria dos capoeiristas. “Podemos utilizar madeiras replantadas que não causam danos à natureza”, diz Vieira. Para provar a tese, ele desenvolveu um berimbau feito por três pedaços de madeiras diferentes conectados por tubos de ferro, que foi aprovado por todos que o tocaram. Gladison Silva, professor de Educação Física da USP e de capoeira do Centro de Práticas Esportivas da USP (CEPE) utilizou o instrumento e o elogiou. “O som é muito bom, é perfeito”.

O objetivo do trabalho é auxiliar na formulação de políticas públicas que solucionem a questão. Por seu caráter interdisciplinar, ele tenta abranger as diversas faces do problema no encaminhamento das soluções. Para isso, Sergio Vieira contou com a colaboração de Takashi Yojo, engenheiro civil e pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), de Marcio Nahuz, engenheiro florestal e também pesquisador do IPT, da antropóloga da Unicamp Maria Beatriz Ferreira e de Verônica Angyalossy, bióloga chefe do Laboratório de Anatomia Vegetal da USP.

Entre as propostas para a solução, Sergio Vieira sugere a reposição imediata das espécies extraídas de forma clandestina, o financiamento estatal para uma produção sustentável, projetos que informam as populações tradicionais de locais que confeccionam o instrumento e investimentos empresariais no setor que gerem impostos ao governo.

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