ISSN 2359-5191

22/11/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 82 - Educação - Instituto de Psicologia
Violência potencializa casos de estresse

São Paulo (AUN - USP) - Com a violência das grandes cidades, os casos de síndrome de stress pós-traumático vêm aumentando. Cada pessoa responde de forma diferente a uma situação de estresse. Uma pode se sentir calma e sob controle, outra pode entrar em desespero. Depois do ocorrido, uma delas pode ficar abalada apenas por alguns dias, enquanto a outra revive a situação em sua mente por anos a fio – esse último caso é o que se chama de síndrome de estresse pós-traumático.

Segundo Esdras Vasconcellos, professor do Instituto de Psicologia da USP, especializado em estresse, há um sem número de variáveis que influenciam essas diferentes reações. A idade da pessoa, o momento em que o evento ocorreu, a intensidade e a duração da experiência, o nível de impotência que a pessoa sentiu, os sentimentos que a situação despertou... Além disso, Esdras conta que recentes pesquisas têm apontado que os primeiros anos de vida de uma pessoa exercem um efeito significativo sobre a capacidade posterior de lidar com o estresse e manejar as emoções. Ou seja: o modo como a pessoa lida com o estresse pode ter origem na forma como a mãe confortava o bebê quando ele estava agitado. É a mãe quem regula as emoções do filho até que o cérebro dele esteja preparado para fazer isso sozinho. Sendo assim, experiências de abuso e negligência nessa idade podem fazer com que a pessoa seja mais suscetível a traumas na idade adulta. Isso significa que o desenvolvimento cerebral não depende apenas da carga genética, mas sim da interação com o ambiente e das relações interpessoais que a pessoa desenvolve ao longo da vida.

Quando um indivíduo apresenta sinais intensos de estresse após o evento traumático, mas volta ao normal em até um mês, ele passou por uma crise de estresse agudo. Porém, se as reações persistirem por meses ou até anos, o estresse é caracterizado como pós-traumático. Nesse caso, o termo correto para os psicólogos é distresse, que caracteriza uma situação prolongada, que não se desfaz sem tratamento. Mas como o termo "estresse" é mais comum, acabou consagrado. E uma curiosidade: o estresse (quando se desfaz) e o distresse (quando permanece) podem ser respostas tanto a agressões externas quanto internas.

Uma característica comum à maioria dos pacientes com síndrome de estresse pós-traumático é perder a noção do tempo. Uma situação de violência que durou apenas alguns segundos pode parecer que se arrastou por anos. Durante o evento, a pessoa pode encarar tudo como se fosse um grande pesadelo. Depois, vai reviver a situação em pesadelos de verdade, em que as cenas parecem reais. Também são comuns os flashes de memória ao longo do dia.

O tratamento leva em conta a linguagem corporal do paciente, pois o distresse provoca alterações posturais. A pessoa passa a agir como se estivesse em estado de alerta, sempre ameaçada. Isso muda o ritmo da respiração, o olhar e o modo de se mover. A observação atenta destes sinais pode ajudar o psicólogo a interpretar o trauma. O passo seguinte é fazer com que o paciente perceba as alterações em seu corpo e as conexões entre a vivência subjetiva e estes sintomas. O grande objetivo do tratamento é fazer com que a pessoa desenvolva auto-controle em relação às situações de estresse, aprendendo assim a deixar de lado o que deveria ter ficado no passado e corrigindo erros nas relações interpessoais desde a primeira infância.

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