ISSN 2359-5191

28/11/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 86 - Saúde - Instituto de Psicologia
Psicose ainda é pouco discutida pela comunidade científica

São Paulo (AUN - USP) - A psicose tem sido pouco discutida pela comunidade científica. É o que constataram os alunos de especialização e pós-graduação sobre a psicanálise de Freud e Lacan do laboratório Sujeito e Corpo do Instituto de Psicologia da USP (SuCor), coordenado pelo professor Avelino Rodrigues.

Psicose é um termo popular, mas pouca gente sabe realmente do que se trata, até porque a palavra é utilizada em diversas situações. É comum falarem em "psicose coletiva", um medo que acomete várias pessoas ao mesmo tempo – como o que aconteceu nos Estados Unidos, diante de "ameaças terroristas" (a maioria infundadas) após 11 de setembro de 2001, mas não passa de mera expressão. As definições em psiquiatria também são várias e podem confundir o leigo.

De modo geral, a psicose é um estado alterado de personalidade, no qual a pessoa tem sensações que não correspondem à realidade, perdendo o controle sobre seus pensamentos. Ela pode apresentar alterações auditivas, visuais ou olfativas; desconfiar de que está sendo perseguida; ficar agressiva e insone; isolar-se; traçar teorias de conspiração (ligando fatos aparentemente desconexos); não falar coisa com coisa e descuidar da aparência pessoal e da higiene. Isso tudo pode desaparecer subitamente ou aos poucos, dependendo do paciente.

Deve-se ressaltar que a psicose não é uma doença, mas uma síndrome, ou seja, pode estar relacionada a diferentes doenças com diferentes sintomas. Por exemplo, a esquizofrenia é um dos fatores que podem desencadear psicose, mas não é a psicose propriamente dita. Outras situações que podem levar a ela são o transtorno bipolar, o parto, álcool e drogas como LSD e o Mal de Alzheimer. Em idosos, a psicose também pode ser sinal de involuções cerebrais ou até de doenças mais simples, como infecções urinárias.

É muito importante que o tratamento seja feito o mais rápido possível. Os familiares e amigos de uma pessoa que apresente sinais de psicose não devem tentar convencê-la de que suas alucinações não são reais. Ela não se convencerá de que está doente: "se pudesse se convencer tão facilmente de que aquilo tudo não está mesmo acontecendo, não estaria com psicose", comenta o coordenador do laboratório.

Existem casos de psicose em que a medicação não surte resultado. Mas isso não quer dizer que o problema seja incurável. "Na maioria das vezes, basta trocar o medicamento ou ajustar a dose", diz o professor. Mesmo que o paciente já esteja se sentindo bem, não é recomendável interromper a medicação. A cura se dá por etapas e, assim, corre-se maior risco de ter recaídas. A duração do tratamento varia de pessoa para pessoa. Para alguns, é rápido. Para outros, pode durar anos, intercalando-se com fases de depressão.

Existe inclusive um termo específico para este caso: é a depressão pós-psicótica. Assim que os sintomas da psicose desaparecem, o paciente se sente desanimado, cansado, triste, enfim, com os sinais típicos de depressão. "Por mais que os parentes se sintam desencorajados com essa situação, é uma fase normal, que reflete o esgotamento do cérebro por ter 'funcionado demais' por tanto tempo", diz Rodrigues. "O lado bom é que as psicoses que terminam em depressão costumam ter um prognóstico muito melhor do que aquelas que não a provocam", completa.

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