São Paulo (AUN - USP) - Indivíduos que saem de seus estados para trabalhar são mais bem remunerados que os que trabalham em seu local de origem. É o que sugere a linha de pesquisa de Natalia Nunes Ferreira Batista, professora de Economia da Faculdade de Administração, Economia e Contabilidade da USP de Ribeirão Preto. Em seminário realizado recentemente na FEA de São Paulo, ela detalhou essa característica do mercado trabalhista do país e ressaltou que a regra não é válida para a região Sudeste. A diferença salarial também foi abordada pela palestrante no âmbito do gênero do trabalhador.
Homens migrantes ganham 20% a mais do que os não-migrantes, e as mulheres que se deslocam têm salário 15% superior que as demais. “O mercado avalia melhor o homem que migra do que a mulher, e o aloca de melhor maneira”, afirma a economista. Ela diz, porém, que “em termos de características observáveis o homem tem mais dotações, mas isso não justifica a tamanha diferença de sua melhor ocupação e remuneração”.
Os migrantes de cada sexo, segundo ela, também se diferem no motivo da mudança de região. A maioria dos homens migra por ofertas de trabalhos que lhes proporcionam melhor renda, enquanto 80% das mulheres se mudam para acompanhar alguém, muitas vezes o marido. “Se o homem em geral vai para uma situação muito melhor, a mulher pode ir para uma bem pior”, acrescenta.
Na região Sudeste, a que recebe a maior parte do fluxo migratório do país, com 52,63%, o fato se reverte. A condição salarial do local é melhor que a do migrante, e a mulher que se desloca até a região tem melhor condição do que a do homem que o faz. Por essa razão, segundo a palestrante, é motivo de espanto do público do Sudeste o resultado de sua pesquisa, já que “temos uma imagem estereotipada do migrante, o que é muito diferente do resto Brasil”.
O seminário apresentou dados do PNAD 2005 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) que reforçam esse estereótipo: mais da metade dos que chegam à região em busca de trabalho vem do Nordeste, e obtém renda inferior aos locais.
Por outro lado, a pesquisa de Natalia Batista enfatiza que “se compararmos um migrante e um não-migrante na região do Sudeste com a mesma escolaridade, gênero, cor e instrução, o migrante ainda terá maior remuneração”.