ISSN 2359-5191

15/08/2001 - Ano: 34 - Edição Nº: 13 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas
Projeto quer definir espessura da crosta terrestre e da litosfera

São Paulo (AUN - USP) - O Laboratório de Pesquisa de Sismologia do Departamento de Geofísica do IAG (Instituto de Astronomia e Geofísica) vem conduzindo, sob a coordenação do pesquisador Marcelo Souza de Assumpção, um projeto de determinação da espessura da crosta terrestre e da litosfera. Financiados pela Fapesp, o projeto está sendo expandido para novas áreas do Brasil e novas aplicações têm sido descobertas.

O projeto consiste em, através de estações sismográficas (que registram o movimento do solo provocado por oscilações), captar os tremores gerados por terremotos no mundo todo. Quando a vibração atinge a estação, as ondas sismográficas sofrem influência da crosta do local (camada superior que compõem o solo). É esse efeito, provocado pela vibração nas estruturas, o objeto de estudo da pesquisa, auxiliada por estudantes da pós-graduação. A alteração provocada na onda será registrada e estudada para que dela se possa pesquisar a espessura e composição da crosta terrestre.

As possíveis aplicações do projeto são conhecer melhor a geologia e a evolução da crosta nessa região do Brasil, além de entender toda a movimentação do continente americano (Placa sul-americana se afastando da africana). O estudo pode permitir o conhecimento de quais as forças que atuam neste último processo, quais as camadas que compõem a América do Sul e que influenciam nesta movimentação.

O que já se sabe, a partir do projeto, é que a Crosta no meio da Bacia próxima ao rio Paraná é mais espessa do que na Serra da Mantiqueira; isso é o contrário do que se esperava. Significa, por exemplo, que a Serra está mais alta porque a crosta pode estar em cima de uma região do manto que é mais leve, tendo, portanto, implicações sobre a evolução da crosta local. Foi encontrada, também, próximo à região de São José do Rio Preto, uma região entre 200 e 700 km de profundidade com temperaturas mais elevadas, relacionada ao que se chama de Correntes de Convecção do Manto.

Também baseado na estrutura da Crosta, está sendo feito o estudo de diversas barragens (Ilha Solteira, Porto Primavera, Itaipu) para se pesquisar a causa de tremores de terra provocados em apenas determinados reservatórios de água. É relativamente normal que a penetração da água da nova barragem no solo provoque tremores de terra. Mas o que tem sido observado é que este fenômeno é muito mais comum na área do triângulo mineiro, por exemplo, do que em outras. A bacia do rio Paraná não tem nenhum registro, mesmo com grandes reservatórios, como o de Itaipu. A causa dessa diferença ainda não é explicada. Uma das possibilidades seria que a Crosta do Rio Paraná tem uma constituição mais resistente do que a do triângulo mineiro.

O estudo da estrutura da Crosta é realizado mundialmente. A USP é a única universidade do Brasil que utiliza os registros de tremores de terra para esse fim específico. Outras universidades, como a UnB, a Federal do Rio Grande do Norte também têm estações sismográficas, mas os dados coletados são aplicados para o estudo dos próprios abalos que atingem a região do Brasil.

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