São Paulo (AUN - USP) - Esta é a primeira vez, nos 174 anos de fundação dos cursos de direito, em que estudantes do Largo São Francisco - os quais nesta época do ano normalmente realizam a farra do pindura, na qual não pagam a conta - estão fazendo a brincadeira às avessas: é o chamado Pindura Social. O evento, no qual os alunos da tradicional Faculdade de Direito do Largo São Francisco alimentaram a população carente no centro de São Paulo, ocorreu em frente à faculdade, precisamente no dia 11 de agosto, sábado, às dezoito horas e compareceram cerca de quatrocentas pessoas.
O cardápio consistiu de uma sopa de legumes, com cenoura, batata, couve e mandioquinha, acompanhada de pão. O refeitório da Faculdade de Direito emprestou a cozinha e os próprios alunos cuidaram do preparo e distribuição. Ao contrário de inúmeras instituições que restringem a quota a um único prato por pessoa, os estudantes de Direito permitiram que as cumbucas descartáveis nas quais a sopa era servida fossem novamente enchidas para saciar plenamente a fome dos convivas.
O aluno, Paulo Macedo Garcia Neto, do quarto semestre e integrante do Centro Acadêmico XI de Agosto (C.A. XI de Agosto), contou que o objetivo era chamar a atenção da sociedade paulistana para a miséria e a fome, que mesmo nos festejos os estudantes não podem ignorar. De acordo com Fábio Vicente, do segundo semestre, foi a primeira vez em que o pindura deixou de ser uma mera brincadeira e se tornou uma missão de integração social dos excluídos. A empreitada foi integralmente financiada pelo Centro Acadêmico XI de Agosto, exatamente no dia se completava 98 anos de atividades da entidade e em que também se comemora os 174 anos da instalação dos cursos de Direito no Brasil. Equipes de reportagem da TV Bandeirantes e SBT teriam registrado o acontecimento beneficente.
O custo total da festa, incluindo todos os alimentos e talheres, foi estimado em apenas R$ 250,00 por Fernanda Pavanello e Pedro Abramovay, respectivamente quarto e oitavo semestres e ambos do C.A. XI de Agosto, que ajudou a organizar o evento. Laura Benda, segundo semestre, relatou que participou dos trabalhos de produção da sopa, resultando em quatro panelões repletos. Um detalhe curioso foi que os próprios beneficiários da refeição ajudaram na distribuição, numa notável demonstração de solidariedade. A distribuição se encerrou com total êxito às oito da noite e naturalmente não houve desperdício de comida.