São Paulo (AUN - USP) - A concorrência entre os recém-formados ao saírem para o mercado de trabalho é enorme. O número de escolas e faculdades aumenta cada ano, ao contrário das ofertas de emprego. O cenário para os veterinários não é muito diferente. Só na década de 1990 foram criados 57 novos cursos no Brasil e até 2007 já foram instalados outros 57. Para se ter uma idéia, a Alemanha possui seis escolas de veterinária, enquanto o Estado de São Paulo apenas possui 42. Mário Eduardo Pulga, veterinário e gerente de relações institucionais da área de saúde animal da Bayer Healthcare, realizou uma palestra na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP (FMVZ) sobre o perfil do médico veterinário na indústria farmacêutica, e revelou que esta é uma área pouco explorada pelos profissionais que cuidam de animais.
Segundo Pulga, em 2006 a indústria de produção de saúde animal movimentou mais de 16 bilhões de dólares, e teve um crescimento de 3,3%. Só na América Latina o mercado representou quase dois bilhões de dólares, e, destes, 56% são referentes ao comércio brasileiro, algo em torno de um bilhão e 58 milhões de dólares. Um exemplo da importância do Brasil nesse mercado é nosso programa de erradicação de febre aftosa, que é o maior do mundo, com a produção de 400 milhões de doses de vacina por ano e com a previsão de que em 2007 sejam produzidas outras 500 milhões de doses. Além disso, o veterinário acredita que em pouco tempo surgirão os medicamentos veterinários genéricos. “É uma realidade, apenas alerto para que estes produtos tenham a mesma qualidade dos de marca, pois isto afetará a vida profissional de todo veterinário”.
Atualmente 3% dos profissionais de veterinária atuam na indústria farmacêutica brasileira, cerca de 1.200, mas este número pode estar ameaçado. “Está tramitando uma lei que restringe as responsabilidades técnicas dentro da indústria farmacêutica apenas aos químicos e farmacêuticos, o que acabaria com muitas funções de veterinários”.
O médico também revelou algumas das prioridades das empresas, como a excelência dos produtos veterinários. “Hoje os medicamentos animais são melhores ou iguais aos dos humanos em termos de qualidade”. Ele também ressaltou a importância das capacidades em vendas e marketing do profissional que atua na área e que a imagem e confiança do consumidor não têm preço. “A credibilidade dos profissionais de veterinária ficou arranhada no episódio recente da contaminação do leite. Isto é algo que não se pode perder, é inadmissível”.