São Paulo (AUN - USP) - O Material Particulado (MP) é um desconhecido poluidor do meio ambiente que mata, silenciosamente, milhares de pessoas nos grandes centros urbanos. Apesar de ser responsável por apenas 3% da poluição da Região Metropolitana de São Paulo o MP é um dos principais problemas de saúde pública. Foi o que revelou o professor do Instituto de Física da USP (IFUSP) Américo Sangiolo Kerr na palestra “A poluição do ar no contexto ambiental e histórico”, realizada recentemente na Estação Ciência da USP. Segundo ele “a situação atual nos grandes centros urbanos é inadmissível”.
Material Particulado é o nome que se dá ao conjunto de poluentes formados por poeiras, fumaças e todo o tipo de material sólido ou líquido que se mantém suspenso na atmosfera por causa do seu pequeno tamanho. Quanto menor o MP mais prejudicial ele é para a saúde. Além disso, as partículas podem estar contaminadas por substâncias tóxicas, deixando-as ainda mais prejudiciais. “Todas as pesquisas confirmam que o aumento da concentração de MP no ar está diretamente ligado a um aumento no número de casos de doenças respiratórias”, diz Américo. Segundo dados da Secretária da Saúde do Estado de São Paulo, entre 1993 e 1995 foram mais de 11 mil mortes de idosos atribuíveis à alta concentração de MP e 12 mil internações de crianças atribuíveis à alta concentração do mesmo poluente.
O MP é originado, principalmente, da frota automotiva das cidades. Ele é formado com o desgaste de pneus e com a queima de combustíveis fósseis como a gasolina e, principalmente, o diesel. “Esse MP [gerado por veículos] é especialmente perigoso, pois além da possibilidade de estar contaminado com enxofre, os veículos ajudam a suspendê-lo”, alerta o professor.
Américo comenta ainda que apesar de terem sido tomadas medidas nas últimas décadas para a redução da poluição causada pelos automóveis ainda estamos muito longe de uma solução. “Todas as ações de redução da poluição são feitas visando manter a atual política para o transporte, baseada na indústria automobilística. A solução só virá quando começarmos a repensar essas políticas e dermos mais importância para um meio de transporte menos poluente, como o ferroviário”, conclui.