São Paulo (AUN - USP) - Acompanhar a evolução dos diferentes tipos de rotavírus em São Paulo. Esse é um dos objetivos da pesquisa de Veridiana Munford, especialista do Laboratório de Virologia do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP. Segundo ela, rotavírus são os principais causadores de gastoenterites em crianças na primeira infância (de zero a 5 anos).
De acordo com Verdidiana, a mortalidade entre crianças infectadas por rotavírus tem um forte caráter sócio-econômico. “Como a transmissão é feito por via fecal-oral, em regiões com deficiências em saneamento básico é natural que a ocorrência seja mais freqüente”, afirma a pesquisadora. Ela indica um mapa onde nota-se que a Índia enfrenta um problema sério de mortalidade infantil decorrente de infecções causadas por este vírus.
Uma característica importante das infecções por rotavírus é a sazonalidade: ocorre basicamente no inverno. “Na minha opinião, isso se deve ao maior confinamento das pessoas durante as estações frias. A convivência em ambientes fechados por períodos prolongados aumentas as chances de transmissão do vírus”, afirma.
Já existe uma vacina licenciada no Brasil para rotavírus. “O Ministério da Saúde brasileiro foi o primeiro país a incorporar essa vacina ao programa de vacinação obrigatória. Como a vacina é relativamente cara, em outros países os pais tem de procurar clínicas particulares para imunizar seus filhos”, afirma a especialista. A vacina foi desenvolvida para um tipo específico de rotavírus, mais comum em humanos, chamado de G1P1A[8].
“Os trabalho de epidemiologia e caracterização sorológica e molecular deste vírus são de suma importância para saber o que está acontecendo com os rotavírus diante dessa barreira evolutiva que é a vacina. Assim como o influenza (vírus da gripe), os rotavírus são altamente variáveis”, diz. O estudo realizado por Veridiana, por exemplo, indicou uma tendência de crescimento das infecções pelo tipo G2P[4], para o qual a vacina já existente é menos efetiva.
Segundo ela, o Instituto Butantã está desenvolvendo uma vacina efetiva contra mais tipos do vírus. “O doutor Isaías Raw prometeu para o final do ano que vem uma vacina pentavalente cuja proteção será mais abrangente”, afirma.
Veridiana teve uma experiência pessoal com o rotavírus. “Meu filho, que pesava 11 quilos, perdeu dois em uma semana. Mas no oitavo dia, passa tudo”, conta. “Em crianças bem nutridas, dificilmente um quadro de infecção por rotavírus evolui para óbito. O mesmo não é verdade nas crianças com alimentação deficiente”, finaliza.