ISSN 2359-5191

21/09/2001 - Ano: 34 - Edição Nº: 14 - Saúde - Faculdade de Odontologia
Pesquisa tenta detectar vírus através da saliva

São Paulo (AUN - USP) - Dois pesquisadores do departamento de Patologia, da Faculdade de Odontologia da USP, estão prestes a iniciar um projeto de pesquisa para validar uma nova técnica para detecção de vírus, através da saliva do paciente. A técnica já foi aplicada nos EUA, onde obteve sucesso, com cerca de 95% de acerto. Agora, os pesquisadores brasileiros esperam obter sucesso em sua pesquisa, para que o método possa ser aplicado também no Brasil.

Os pesquisadores, Marina Helena Magalhães e Fábio Daumas Nunes, estudarão os vírus do de duas lesões bucais, o sarcoma de caposi e a leucoplasia pilosa. Ambas costumam aparecer em pessoas com o sistema imunológico comprometido, como portadores de HIV ou pacientes submetidos a algum tipo de transplante. Elas não comprometem a vida do paciente, o máximo que uma delas, o sarcoma, pode causar, é a dificuldade para mastigação no doente.

A incidência do sarcoma e da leucoplasia em pessoas com Aids vem caindo nos últimos anos, graças a difusão do coquetel de medicamentos. Apesar de as doenças serem pouco nocivas, seu diagnóstico é importante, pois pode indicar algum tipo de deficiência no sistema imunológico do paciente. No caso de portadores do HIV, essas lesões costumam aparecer antes dos sintomas da Aids. Muitas vezes são confundidas com feridas inofensivas e a pessoa não sabe que é soropositiva, até aparecerem os demais sintomas.

Os professores trabalharão com pacientes do Centro de Atendimento a Pacientes Especiais (Cape), que pertence ao departamento de Patologia da Faculdade. O Cape atende pacientes soropositivos ou portadores de deficiências neuropsicomotoras, de vários lugares do Brasil. A técnica consiste em se fazer uma raspagem sobre a lesão na boca do doente, na qual, saliva e células da mucosa bucal são coletadas. Em seguida o material é colocado em uma lâmina de vidro e encaminhado para um exame morfológico, através de microscópio, onde células da área atingida pelo sarcoma e pela leucoplasia são comparadas com células de pacientes sadios. É feita uma nova raspagem e o material colocado em um tubo de plástico. Aí é que entra o novo método: as células são submetidas a reações químicas, em laboratório, até que o núcleo celular esteja totalmente “vazio” restando apenas o DNA da célula. A partir daí, o pesquisador pode perceber se no meio desse DNA existe material genético de algum vírus.

De acordo com Fábio, a técnica possui muitas vantagens, em relação às utilizadas atualmente para o diagnóstico desse tipo de doença. Geralmente, quando a lesão aparece, não é feito nenhum tipo de exame. Somente através do desenvolvimento dela, é que o médico consegue determinar se existe ou não o sarcoma ou a leucoplasia. No caso do sarcoma, costuma-se fazer a biópsia, que, apesar de não ser um procedimento perigoso, causa incômodos ao paciente, em virtude da anestesia e da pequena incisão cirúrgica a que ele é submetido. “Queremos evitar incômodos e desconforto ao paciente.”, diz o pesquisador.

Mesmo o exame morfológico, que não causa tais incômodos, possui o inconveniente de não oferecer a certeza de se a célula analisada esta ou não infectada por algum vírus. Com a nova técnica, os incômodos e a incertezas ficam quase eliminados. “Eu consigo dizer com certeza que o vírus está na célula, através do DNA”, diz o professor.

Quanto aos custos do exame, Fábio espera que não haja uma grande diferença em relação ao preço dos demais exames. “Hoje em dia, todos os exames de laboratório são caros.”, lamenta. Contudo, ele acredita que o valor não será tão alto que o paciente não possa pagar. Um de seus objetivos, é que o exame torne-se acessível à todos os pacientes com HIV.

O projeto está sendo submetido ao Comitê de Ética da faculdade e falta pouco para que ele seja aprovado. Dentro de um mês, aproximadamente, a pesquisas já estarão começando, segundo o professor.

Leia também...
Nesta Edição
Destaques

Educação básica é alvo de livros organizados por pesquisadores uspianos

Pesquisa testa software que melhora habilidades fundamentais para o bom desempenho escolar

Pesquisa avalia influência de supermercados na compra de alimentos ultraprocessados

Edições Anteriores
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br