São Paulo (AUN - USP) - Cientistas brasileiros estão avançando no desenvolvimento de pesquisas nas áreas de nanotecnologia e nanociência, setores que se referem à exploração de materiais e sistemas de dimensões incrivelmente reduzidas. O nano é o prefixo que equivale à escala de 10-9, ou seja, um nanômetro equivale a 0,000000001 metro.
Três projetos de pesquisa na área de nanotecnologia e nanociência serão contemplados com um financiamento de aproximadamente R$ 1 milhão para cada um. Quem está provendo este recurso é o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que pretende apoiar o avanço na tecnologia do setor no País. Até agora, doze equipes de cientistas foram pré-selecionadas. Entre elas, algumas serão aglutinadas por proximidade de área de estudo e outras serão reprovadas, de modo a se chegar aos três que receberão a verba.
Alguns professores do Instituto de Física estão envolvidos no estudo da nanociência, muitos dos quais vinculados a outras instituições. Dentro do Departamento de Física dos Materiais, o professor José Roberto Leite, por exemplo, aguarda o financiamento do CNPq, em projeto desenvolvido com a Universidade Federal de Pernambuco.
O vice-diretor do Instituto de Física da USP, Adalberto Rizzio, juntou-se ao professor Antônio Roque da Silva no estudo da nanoeletrônica. Eles desenvolvem e pesquisam os nanotubos de carbono, moléculas orgânicas que podem substituir o silício na confecção dos chips de computador. Ambos os professores do Departamento de Física dos Materiais iniciaram o projeto junto ao Laboratório Nacional de Luz Syncotron, e hoje aguardam a efetivação do financiamento para dar prosseguimento ao estudo.
A substituição do silício pelos nanomateriais como matéria-prima daria ao chip de computador uma dimensão 100 vezes menor, possibilitando o aumento de velocidade dos processadores num espaço físico bastante reduzido. No entanto, tudo permanece no campo experimental. “Talvez demore uma década até que tenhamos esta tecnologia à disposição comercialmente”, diz Rizzio, que também é membro do Comitê Multidisciplinar de Articulação do CNPq.
Essa demora em se obter o retorno do investimento inibe a entrada de capital privado no desenvolvimento da pesquisa no Brasil. A verba do CNPq, apesar de não ser comparável às aplicadas nos países desenvolvidos (nos Estados Unidos, o investimento previsto para esta área em 2001 é de US$495 milhões), representa um alento para os cientistas e garante o considerável avanço da nanotecnologia no País, principalmente no estudo de Física e Química.