São Paulo (AUN - USP) - A música está cada vez mais presente no mundo virtual, onde faixas e vídeos podem ser acessados por meio de sites como MySpace e YouTube e cds estão disponíveis para os usuários. O impacto dessas novas tecnologias na produção musical independente é tema de pesquisa de professor e alunos do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da USP. Segundo o professor Davi Nakano, que coordena a pesquisa, as gravadoras independentes ganham ao usar as ferramentas da Internet para promover novos artistas e melhor explorar determinados nichos do mercado. A questão da divulgação, entretanto, encontra algumas dificuldades devido à grande quantidade de material disponível aos internautas. “Como fazer para as pessoas descobrirem que você está lá?”, questiona o professor.

No ano passado, a banda inglesa Radiohead disponibilizou seu último cd para download pelo preço que o consumidor desejasse pagar. O episódio foi muito comentado e explorado pela mídia. Este cenário da produção musical, no entanto, é ainda pouco estudado, principalmente quando se trata do mercado independente.

As gravadoras independentes surgiram na década de 1950 com a criação de tecnologias que facilitaram e baratearam a produção musical, absorvendo gêneros que não eram compreendidos pelas grandes gravadoras, como o country e o gospel nos Estados Unidos e a música regional no Brasil. Atingiam uma parcela do mercado que não era atendida pelas grandes gravadoras. Hoje o termo “independente” abrange empresas com interesses variados, mas são geralmente caracterizadas por não fazerem parte das grandes gravadoras comerciais.

Atualmente, a dinâmica da indústria musical foi alterada com o desenvolvimento e a interação de três novas tecnologias: o MP3 (um formato que reduziu em dez vezes o arquivo de som), a Internet e a banda larga. O consumidor, agora também internauta, pode assim baixar músicas em seu próprio computador. Mudou-se a forma de distribuição da música, que pode ser adquirida uma a uma, não apenas no conjunto do álbum. Além disso, o controle das gravadoras foi ameaçado pela liberdade do mundo virtual. As gravadoras independentes aparentemente seriam mais vulneráveis a tais mudanças, pois seus recursos para desenvolver novas estratégias são limitados.

O projeto pretende também analisar estratégias adotadas pelas gravadoras para lidar com esta situação e traçar previsões baseadas em dados recolhidos. Em relação ao cd, por exemplo, o professor acredita não existir uma ameaça em médio prazo, apesar de haver uma redução de sua vendagem. O suporte deve ainda ter um tempo de vida significativo, pois proporciona uma melhor qualidade de som e envolve um comportamento já estabelecido da parte do consumidor e do artista.