ISSN 2359-5191

28/03/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 07 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Ciências Biomédicas
Cientista acredita que animais de laboratório devem receber o mesmo respeito que os seres humanos

São Paulo (AUN - USP) - A defesa pelo bem-estar dos animais utilizados em laboratórios de pesquisas foi o tema do curso “Uso de animais em experimentação”, ministrado pelo professor Wothan Tavares de Lima e pela biomédica Thaís Marques, ambos da USP. O objetivo do curso oferecido a 200 participantes entre docentes, estudantes e o público externo ao Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), no último dia 19, priorizou a discussão teórica sobre bioterismo, ética nas experimentações animais e atualização dos métodos usados em pesquisas. Foi dividido em duas etapas: a primeira enfatizou os métodos e o dia-a-dia em um biotério e a segunda priorizou o debate sobre a ética na experimentação animal.

Alguns conceitos básicos essenciais no trabalho prático em laboratórios, como os tipos de biotérios, as formas de identificação dos animais, métodos de eutanásia freqüentemente utilizados e normas de biossegurança foram enfatizados por Thaís Marques. Em relação às instalações do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), a biomédica afirma que uma das preocupações do instituto é o bem-estar dos animais. A diminuição do estresse de camundongos e ratos que são utilizados em experimentações - outra questão bastante abordada no curso - deve ser um dos cuidados permanentes dos pesquisadores e técnicos de biotérios.

Ao tratar do dilema que envolve o uso de animais em experimentação, Wothan Tavares de Lima recorreu a Montaigne, Hume, Descartes, Jeremy Bentham, Martin Buber, Peter Singer, Willian Russel, Rex Burch, entre inúmeros outros estudiosos da Ética para tentar responder a algumas indagações muito comuns a respeito do tema proposto. O professor inicia a segunda etapa do curso dizendo que “para nós é tão óbvio o uso de animais [em experimentação] que esquecemos de nos perguntar o porquê os usamos”. O debate histórico entre a razão e a emoção foi um dos motores da discussão entre os participantes do curso e Wothan Tavares a respeito do “status moral” dos animais em relação aos seres humanos.

A relevância do conhecimento do sistema biológico é tida como uma das justificativas mais importantes para que o uso de animais em pesquisas seja considerado algo válido na sociedade. Wothan Tavares acredita que, da mesma forma com que Martin Buber defendia que a relação humana era baseada na ligação entre as palavras “eu” e “tu”, ao usarmos animais em experimentação devemos tratá-los respeitando-os tanto quanto respeitamos os seres humanos. Para o professor, “a relação com o animal não deve ser ´eu/isso´, mas ´eu/tu´”. A humanização e a responsabilidade no trato dos pesquisadores com os animais é um fator determinante para que a busca do “saber biológico” seja atingida .

A implantação, por parte de centros de pesquisas, de códigos de ética que tratam especificamente das questões referentes ao modo com que os pesquisadores devem tratar os animais é um meio freqüentemente usado para assegurar o bem-estar destes. Um dos maiores problemas a respeito desse tema, segundo o Wothan Tavares, é “a falta de uma legislação específica que trate de experimentações em animais”. Alguns Estados brasileiros contam com uma legislação que regulamenta o uso de animais em pesquisa, como é o caso do Estado de São Paulo, porém uma das maiores reivindicações dos cientistas é a aprovação de uma lei unificada que atue em todo o território nacional e defenda tanto o direito dos pesquisadores pela busca do “conhecimento biológico” quanto o direito do animal ao bem-estar.

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