São Paulo (AUN - USP) - “Street Art do Grafitti à pintura” é a exposição que está sendo realizada no Museu de Arte Contemporânea do Ibirapuera (MAC – USP) desde o dia 1º de março de 2008. Através da técnica do grafite que por muito tempo foi discriminada foram concretizadas as 60 obras em telas e madeiras realizadas por 20 artistas (brasileiros e italianos) que participam da exposição.
“É um movimento artístico maior que a Renascença” afirmou entusiasmado um grafiteiro no documentário “Bomb it” de Jon Reiss. De fato, de acordo com o filme que participou da 31ª mostra Internacional de Cinema de São Paulo, nunca um movimento artístico atingiu tantos países e tantas pessoas ao mesmo tempo. O documentário ainda revela o extremo preconceito que os artistas sofrem, tanto que a maioria não mostrou o rosto e se dizia perseguido pelas autoridades durante as filmagens. A arte que nasceu nas ruas ainda hoje é muito combatida e vinculada à criminalidade, em muitos países a prática do grafite está sujeita a punições severas.
Recentemente, alguns governantes, especialmente no Brasil, não apenas reconheceram a prática como a incentivaram, por exemplo, durante as comemorações dos 450 anos da cidade de São Paulo, as paredes que cercam a avenida 23 de maio foram cedidas pela prefeitura aos grafiteiro.
Não demorou muito para a arte de rua chegar aos museus, no país, desde a década de 80 a Bienal e a Pinacoteca de São Paulo flertam com esse tipo de arte. Outros museus já realizaram exposições de grafite e adquiriram obras para o acervo, como, por exemplo, o Fortes Vilaça que representa os Gêmeos, os irmãos são os grafiteiros brasileiros mais conhecidos internacionalmente.
A inserção dos desenhos de rua nos museus dá margem a uma ampla discussão que se estende até os dias de hoje, muitos acusam os artistas de descontextualização do grafite que só teria sentido nas ruas. Por outro lado, há pessoas que acreditam que não levar essa arte aos museus é ignorar sua amplitude. De acordo com o curador da exposição Fábio Magalhães o grafite é “inegavelmente uma das linguagens visuais de maior impacto na nossa sociedade”. Respeitando o que talvez seja o maior movimento artístico e o mais acessível da atualidade o MAC realiza sua primeira exposição de street art, proposta pelo italiano Vittorio Sgarbi, Secretário da Cultura de Milão.
Desta maneira, é possível notar a mudança de comportamento da sociedade que antes marginalizava e reprimia os grafiteiros e agora cada vez mais os museus estão abrindo suas portas para eles. Aumentando o reconhecimento dos artistas e da própria arte de rua.