ISSN 2359-5191

08/04/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 13 - Educação - Museu de Arqueologia e Etnologia
Universidade promove inclusão social
USP desenvolve projeto que apresenta o universo dos museus a crianças de escola pública.

São Paulo (AUN - USP) - O Museu de Arqueologia e Etnologia da USP desenvolve um projeto que aproxima a Universidade da comunidade São Remo - localizada ao lado da instituição. O projeto une a USP à Escola de Educação Infantil do Projeto Girassol, complementando o currículo escolar através de oficinas sobre dança, alimentação, música entre outros costumes dos povos indígenas e africanos, melhorando assim, o aprendizado das crianças.

O "MAE – Comunidade Girassol: Públicos inclusivos em museus" teve seu início em 1994, quando a quadra de futebol utilizada por funcionários e moradores da favela foi adaptada e transformada no que hoje é o MAE. A transformação gerou revolta nos moradores que utilizavam o lugar. A idéia do projeto surgiu então, do desafio de estabelecer uma relação de proximidade com a comunidade. "A gente se apropriou de um espaço que era deles. Resolvemos desenvolver um projeto educativo para os moradores", esclarece o professor Camilo de Mello Vasconcellos, chefe da Seção Educativa do museu e responsável direto pelo projeto. O professor afirma que o objetivo do programa era superar os desafios de inclusão social nos museus universitários e tornar o conteúdo do MAE cada vez mais acessível.

Antes da consolidação da idéia, os vizinhos da universidade não tinham o mínimo conhecimento sobre o assunto. Inicialmente, o projeto era desenvolvido junto a um público adulto de um antigo programa de alfabetização e tinha como tema o conceito de "patrimônio". "Foi um processo interessante de tomada de consciência da realidade daquele espaço e como eles podiam atuar para a melhoria dele", explica o professor. O interesse pela cultura foi despertado na São Remo e o projeto alcançou crianças de uma escola infantil da favela. As atividades aconteciam apenas para ilustrar o conteúdo passado pelos professores em sala de aula – o que fugia do objetivo principal da iniciativa.

No ano de 2004, a diretoria e o corpo docente do grupo foram modificados e a escola passou a se chamar Escola de Educação Infantil Projeto Girassol. A nova direção abraçou a idéia e a ação inclusora pôde, efetivamente, ser praticada. Atualmente, as atividades programadas são previstas no currículo escolar e desenvolvidas quinzenalmente, dentro do museu ou na sede do Projeto Girassol. Professores da instituição de ensino e os responsáveis na USP pela interação dialogam com freqüência para o preparo dos trabalhos que são destinados a crianças de três a cinco anos. Os temas das atividades são as noções de museu; de coleção; as influências das sociedades africana e indígena no Brasil – referentes ao acervo do MAE. Oficinas sobre brinquedos, alimentação e pintura corporal indígenas; música, alimentação e danças africanas; entre outras, são realizadas como demonstração da influência e formação da cultura nacional.

Rose Mary de Jesus é a atual diretora do grupo de ensino do Projeto Girassol e considera a parceria válida, já que a criança deve estar próxima a tudo que está relacionado ao acúmulo cultural. "O museu é importante no que se refere à memória de uma cidade, à cultura, aos valores e tudo isso é importante para a educação infantil", avalia a diretora. Segundo ela, apesar de ser um processo longo, a resposta dos alunos às atividades é percebida na questão do conhecimento acumulado por eles. "Independente do resultado, que eu tenho certeza que virá, o que importa é que a criança tenha a oportunidade de conhecer esse espaço como um direito dela e de toda a comunidade", conclui.

O professor Camilo de Mello acrescenta ainda que a principal finalidade da iniciativa é despertar nas crianças e em suas famílias o interesse por esse espaço de lazer e que esse interesse extrapole para outros museus da cidade.

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