ISSN 2359-5191

10/04/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 15 - Saúde - Hospital das Clínicas
Depressão e bipolaridade são discutidas no HC

São Paulo (AUN - USP) - Os antidepressivos não causam dependência, segundo disse a psiquiatra Cilly Issler, em palestra sobre o humor, suas alterações e depressão, no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas (IPq-HC). “Ninguém diz que a insulina causa dependência química, mas muitos diabéticos não podem parar de usá-la”, argumentou. Com os remédios da depressão, ocorre da mesma forma. O mecanismo alterado que causa a doença pode não se reverter, e então a pessoa volta a ter o sintoma, se parar o tratamento. Entretanto, cuidados devem ser tomados. “Quando a pessoa tem susceptibilidade à bipolaridade, os altos e baixos podem se manifestar de forma mais intensa, com o uso de antidepressivos”, disse a médica.

Mas no geral, a resposta à depressão é boa. Segundo Cilly, medicamentos, como os feitos à base de lítio, aumentam a densidade das células nervosas e a massa cinzenta. Isso melhora as neurotransmissões e a resposta do paciente.

A causa da doença é a interação de antecedentes genéticos e alterações bioquímicas, mas geralmente se desencadeia a partir de fatores ambientais, como o uso de álcool e drogas ou uma situação de estresse. A médica destacou que a depressão ocorre em 15 a 18% da população, sendo mais grave em mulheres (até 24%).

No entanto, é necessário diferenciar bem tristeza de depressão. Esta tem sintomas físicos como falta de energia, cansaço, alteração no apetite e no peso, perda de sono, diminuição do desejo sexual e dores difusas, principalmente em idosos, ou até delírios e alucinações, nos casos mais graves. Para o diagnóstico da doença é necessário ainda que vários desses sintomas persistam quase todos dias, durante a maior parte do dia, por pelo menos duas semanas. É importante detectar se eles são incapacitantes e desproporcionais ao fator que os desencadeou. O paciente também não melhora com simples reasseguramento emocional.

Entre as pessoas que tiveram depressão, 75% têm mais um caso, relata a psiquiatra. Em 15 a 20% dos pacientes, a depressão torna-se crônica, e 15% tentam suicídio. Há também, segundo ela, a possibilidade de restarem sintomas residuais, como uma menor capacidade de aproveitar momentos de descontração, enfado, medo, isolamento, alteração de sono. Quando alguém tem mau-humor, cansaço, baixa auto-estima, inércia e desprazer, sobretudo pela manhã, pode ser um caso de distimia. Trata-se de uma depressão crônica leve, que geralmente aparece na adolescência, mas que raramente é percebida e tratada pelos pacientes.

A palestra é a primeira da série de Encontros Psicoeducacionais de 2008, que acontece no IPq-HC, da Faculdade de Medicina da USP. O tema deste ano é “Depressão e Bipolaridade”. As palestras são destinadas a estudantes, pacientes, familiares e demais interessados. Elas ocorrem uma vez por mês, às sextas-feiras, das 13 às 15h. Os Encontros são organizados pelo Grupo de Estudos de Doenças Afetivas, o Gruda. A próxima reunião será realizada no dia 11 de abril, com o tema “O humor e suas alterações: O Transtorno Bipolar”. Os palestrantes serão Doris Hupfeld e Carlos Santos. O evento é gratuito, mas tem vagas limitadas. Interessados deverão se pelo telefone: (11) 3069-6648.

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