ISSN 2359-5191

15/04/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 18 - Saúde - Escola Politécnica
Telemedicina leva tratamento de câncer a regiões remotas do país

São Paulo (AUN - USP) - A telemedicina, ao usar tecnologias avançadas que permitem o apoio médico a distância, viabiliza tratar pacientes em regiões com menos recursos médicos. O projeto Onconet, realizado no Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI) da Escola Politécnica da USP, aplica este ramo da medicina interligando hospitais do Brasil para o tratamento de doentes de câncer. Os pacientes normalmente precisam se deslocar para grandes centros urbanos devido à falta de médicos especializados em suas cidades. Por escassez de recursos, médicos que trabalham em regiões remotas não têm condições de fazer cursos de capacitação e atualização e de participar de congressos, ficando defasados em um campo que evolui muito rapidamente. “A gente tinha que levar a informação para esses médicos e dar uma ferramenta para que conseguissem tratar o paciente”, diz o professor Adilson Hira, pesquisador chefe do projeto.

A telemedicina faz este intercâmbio de informações utilizando a plataforma web. Em parceria com a Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (Sobope) e apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) os pesquisadores desenvolveram um portal na Internet que disponibiliza os protocolos de tratamento de diversos tipos de câncer. O protocolo é um documento complexo que define os procedimentos e condutas de tratamento utilizadas em um paciente, como os exames que devem ser realizados, o uso dos medicamentos e suas dosagens. Ele é constantemente atualizado por uma equipe de pesquisa cooperativa de médicos especialistas. A taxa média de cura de câncer pediátrico é de aproximadamente 42%, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). Nos grandes centros urbanos, com a utilização de protocolos mais avançados, essa taxa assemelha-se à de países desenvolvidos, em torno de 70%, de acordo com a Fundação Oncocentro. Segundo Márcia Kondo, gestora do projeto, o grupo pretende aumentar a chance de cura em regiões menos desenvolvidas ao tornar possível um tratamento mais eficiente nessas localidades. Para isso, criaram uma ferramenta que facilita a interpretação do protocolo e ajuda o médico a aplicá-lo.

O portal tem uma área para registros de pacientes, que podem ser compartilhados entre instituições, e apresenta uma ferramenta de educação a distância e de videoconferência entre médicos, de forma que possam obter uma segunda opinião. Pode ser utilizado por qualquer hospital do Brasil. Dessa forma, os pacientes são tratados sem a necessidade de se deslocar, o que lhes causa menos transtornos e evita a superlotação dos grandes hospitais. Hoje o portal já tem mais de cinco mil pacientes e mais de 320 médicos cadastrados.

O projeto começou em uma fase piloto com um sistema de videoconferência em 1999 para o tratamento de câncer infantil. Aconteciam duas sessões semanais entre o Hospital de Base de Porto Velho, em Rondônia, e o Instituto da Criança do Hospital das Clínicas. O sistema, no entanto, não era economicamente viável. O portal apareceu como uma alternativa mais acessível, basta o hospital ter um computador com acesso à Internet. Recentemente o projeto se estendeu ao tratamento de câncer em adultos e começou a trabalhar com a Sociedade Latino-Americana de Oncologia Pediátrica. Desenvolveu ainda uma ferramenta que coleta dados dos hospitais em um sistema centralizado, a partir do qual podem ser extraídas estatísticas. Estima-se que 8% da população é atingida por algum tipo de câncer. “Para fazer uma política pública boa, é preciso ter boas informações”, explica Adilson.

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