São Paulo (AUN - USP) - O Projeto Elsa - Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto – será o maior estudo de coorte já feito no Brasil, segundo a professora da Faculdade de Medicina da USP, Isabela Benseñor. O principal objetivo desta pesquisa é observar como as pessoas que têm algum fator de risco para doença cardiovascular vão se comportar no futuro. A parte do projeto realizada em São Paulo contará com um terço dos voluntários (5000 pessoas) e mais cerca de 100 profissionais da saúde para realização e acompanhamento de dados dos exames.

Após um pós-doutorado nos Estados Unidos, os professores Isabela Benseñor e Paulo Lotufo, hoje vice-coordenadora e coordenador do projeto em São Paulo, respectivamente, tentaram de diversas maneiras um financiamento para um projeto do tipo que eles haviam participado fora do país - um estudo de coorte de grande porte. As dificuldades iniciais fizeram com que eles montassem um consórcio, constituído de outras cinco instituições além da USP, e participassem de um edital do Ministério. Foi assim que conseguiram o incentivo necessário do Ministério da Saúde e o Ministério da Ciência e Tecnologia. Nos próximos três anos serão disponibilizados R$ 24 milhões de reais para esta pesquisa.

Os últimos dois anos, segundo Benseñor, foram gastos na reforma das áreas destinadas à realização dos exames, na montagem da equipe que participará do projeto e na criação de tecnologia necessária a um trabalho destinado a estudar 15 mil pessoas simultaneamente. A palavra coorte vem do latim e remete à formação das legiões romanas, em que os soldados seguiam uns aos outros. Estudo de seguimento, em que os indivíduos são acompanhados e analisados ao longo do tempo, acabou por receber esse nome de estudo de coorte.

O próximo estágio do projeto é a campanha para conseguir voluntários. Nos estudos a serem realizados dentro do Estado de São Paulo só poderão participar os membros da comunidade USP. Por terem vínculos com a Universidade, o contato no futuro, daqui 15 ou 20 anos, provavelmente será mais fácil do que se a pesquisa fosse aberta para qualquer voluntário.

“O Elsa está muito preocupado em ver o início da doença cardiovascular, o início do processo de aterosclerose, então iremos trabalhar com uma faixa etária mais jovem, de 35 a 75 anos”, diz a vice-coordenadora do estudo. A idade e também o número igualitário de homens e mulheres na pesquisa são duas inovações do ELSA, segundo Benseñor. Normalmente, os estudos avaliam os participantes com 45 anos ou mais. A participação de homens e mulheres será igualitária seguindo a tendência dos modernos estudos de coorte.

O Hospital Universitário será responsável pelos exames de laboratório e também grande parte da estocagem de material biológico em tanques de nitrogênio, num centro de criobiologia. Esta é uma tecnologia que, segundo a vice-coordenadora do Elsa, compete de igual para igual com os centros mais avançados do mundo e foi baseada no modelo de Harvard University.

A primeira bateria de exames será realizada a partir de maio. O contato será feito anualmente por telefone. Os exames acontecerão em dias separados para os homens e mulheres, de modo a assegurar a privacidade dos participantes. O e-mail do projeto é elsa@usp.br e as inscrições estão abertas. Também serão montados stands do projeto em sistema de rodízio pelas faculdades do campus de São Paulo a fim de angariar voluntários para o Elsa.