ISSN 2359-5191

30/04/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 28 - Educação - Escola de Educação Física e Esporte
Esporte inclui o homem na sociedade da exclusão

São Paulo (AUN - USP) - A educação física é opressora e excludente. A inclusão promovida pelas atividades desportivas é, de fato, uma inserção na sociedade da exclusão e da competitividade, segundo professores que participaram do simpósio “Os valores e as atividades corporais”. O evento, que ocorreu recentemente no auditório da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE/USP), destacou o caráter natural da exclusão do corpo frágil no esporte, bem como em atividades lúdicas.

Contradizendo o senso comum que afirma ser a prática esportiva um campo de interação e inclusão social, os professores a vêem como um espaço de seleção de melhores. Para a professora Kátia Rubio, a falaciosa tentativa de inclusão de todos pela educação física é o pontapé inicial da exclusão, tendo em vista que o jovem débil fisicamente é excluído ou discriminado nos jogos supostamente inclusivos.

Esse fenômeno tem origem nos valores da sociedade, pois “o Esporte é um palco onde se dramatizam as relações sociais”, como afirmou Kátia. Por ser uma sociedade agonística, desejosa de honrarias, dignidade, e permeada por um espírito de superioridade, o esporte rejeita pessoas medíocres fisicamente, primando pela excelência. Torna-se natural selecionar os bons atletas e excluir os maus jogadores, do mesmo modo que é comum escolher os melhores candidatos a um emprego e rejeitar “currículos rasos”.

A discriminação dos jovens frágeis corporalmente é bastante visível nas atividades de educação física, em que os menos hábeis são sempre os últimos a serem escolhidos na composição de uma equipe. Também em jogos lúdicos essa lógica é observada, como apontou o professor português David Rodrigues. O jogo da cadeira, por exemplo, constitui um processo de seleção progressiva dos melhores.

O ápice dessa lógica é visto nos atletas olímpicos, espécimes esculpidos de perfeição. Desde a Antigüidade, esses atletas eram considerados heróis, símbolos de força e destreza, eram os mais próximos dos deuses. Até hoje, atletas olímpicos trabalham o corpo exaustivamente a fim de alcançar a perfeição, excluindo desse cenário todos os outros “mortais” que não têm essa habilidade.

Contudo, mesmo com esse caráter excludente, a prática desportiva não é considerada ingênua pelos professores palestrantes. O esporte não deixa de ser uma atividade saudável tanto para o corpo quanto para a mente, pois, de uma maneira ou de outra, o homem acaba se incluindo no ordenamento do mundo. As atividades físicas, pois, apenas atuam no sentido de inserir o homem nessa ordem, não sendo o fator determinante para essa inclusão. O esporte, mesmo sendo excludente, continua a ser uma prática aconselhável por trazer benefícios à saúde.

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