São Paulo (AUN - USP) - A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou em relatório que, só no ano 2000, mais de 2,1 milhões de pessoas morreram de diarréia causada por doenças transmitidas por alimentos (ou DTAs). Porém, apesar do crescimento dos surtos de enfermidades alimentares, ainda não se dá muita importância ao assunto. Em palestra ministrada recentemente na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, a médica veterinária e técnica da Vigilância Sanitária, Suely Stringari de Souza, falou sobre esses surtos e suas causas.
Esse aumento do número de casos de DTAs deve-se a diversos fatores. Um deles é a mudança dos hábitos alimentares da população: “Antigamente as pessoas consumiam alimentos dentro de casa. Mas à medida que as cidades foram crescendo, os locais de trabalho se distanciaram das residências e essas pessoas passaram a fazer, no mínimo, uma refeição fora de casa” afirma Suely.
Há também o aumento da chamada “população de risco”, que inclui crianças com até 5 anos e adultos com mais de 60. Com a elevação da expectativa de vida, cresce o número de idosos, mais suscetíveis a contaminações via alimentos. Isso sem falar no grande número de casos de AIDS, doença que enfraquece o sistema imunológico, e no uso de remédios imunodepressores para evitar a rejeição de órgãos em pacientes de transplantes.
De acordo com Suely, uma das maiores dificuldades que se apresentam para o estudo dessas doenças é a falta de notificação. Dificilmente a Vigilância Sanitária é avisada sobre casos de DTAs. “A subnotificação é tão grande que, quando há duas notificações da mesma doença, é melhor realizar uma investigação mais apurada, pois deve estar ocorrendo um surto”, conta.
A maioria dessas enfermidades é causada por falta de higiene na armazenagem e no preparo dos alimentos: “O CDC (centro de controle de doenças) dos EUA fez um estudo dos surtos de DTAs e percebeu que grande parte deles, 63%, é devido à higiene inadequada das pessoas que manipulam os alimentos e 28% se dá por causa temperatura inadequada de conservação dos alimentos”, relata a veterinária.