São Paulo (AUN - USP) - O câncer de boca é um tipo de câncer que geralmente ocorre nos lábios, mais freqüentemente no lábio inferior, dentro da boca, na parte posterior da garganta, nas amígdalas ou nas glândulas salivares e, especialmente, entre os homens. Dados do Hospital do Câncer sobre a doença demonstram que o número de casos entre os homens é de duas a três vezes maior que os femininos e a principal hipótese é a de que isso esteja associado ao maior consumo de fumo e álcool pelo homem. A doença geralmente se manifesta através de manchas brancas e ou vermelhas e feridas que não cicatrizam em várias regiões da boca e nos lábios.

Em relação ao número total de casos de câncer registrados, independentemente do sexo do paciente, o câncer de boca representa 6,1% do total de neoplasias malignas diagnosticadas no período e, em termos do total de casos por gênero, sem considerar o câncer de pele, o câncer de boca representa 12,2% dos casos masculinos registrados no Hospital, e apenas 3,3% dos casos femininos.

Dos tumores de boca, a maioria é localizada na área da língua, independentemente do gênero dos pacientes, 49,6% das neoplasias malignas da língua são do sexo masculino e 43,8% são do sexo feminino. Em termos da idade dos pacientes, o câncer da cavidade bucal diagnosticado no Hospital do Câncer apresentou um crescimento constante a partir dos 25 anos de idade. O câncer de boca afeta mais as pessoas idosas. Sabe-se que a incidência dele aumenta a partir dos 40 anos, mas o maior índice de ocorrência do câncer bucal ocorre no grupo de 65 a 69 anos de idade.

Se não for detectado de maneira precoce, o câncer bucal pode exigir tratamentos que vão da cirurgia, para a sua remoção, à radioterapia ou quimioterapia. Uma das razões pelas quais este prognóstico é tão negativo é o fato de que os primeiros sintomas não são reconhecidos logo. O diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso do tratamento. Segundo o “Guia completo para um melhor cuidado dos dentes”, de Jeffrey e Mary Jane Taintor, “Nem sempre é possível visualizar os primeiros sinais que indicam a existência do câncer bucal, o que aumenta a importância das consultas regulares com o dentista ou o médico”.

Segundo Marília Trierveiler Martins, professora da disciplina de Patologia Bucal da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, o câncer bucal é genético, mas existem fatores que predispõem o paciente a desenvolver um tumor maligno que devem ser evitados que são o fumo, o consumo abusivo do álcool e a negligência com a saúde e a higiene bucal (verificar dentes quebrados, raízes residuais, tártaro etc.). Assim a doença atinge em grande escala a população de baixa renda.

Depois do diagnóstico, desenvolve-se um plano de tratamento especial para cada paciente, Jeffrey e Mary Jane Taintor ainda afirmam que cada caso deve ser estudado individualmente, pois não é possível prever um tratamento genérico, “cada paciente responde de uma forma, alguns podem apresentar irritação ou ressecamento da boca, dificuldade para deglutir e perda do paladar. A radiação também aumenta o risco de cáries, por isso é preciso redobrar o cuidado com essa região durante o tratamento”. Quase sempre a cirurgia é indispensável, seguida de um tratamento de radio ou quimioterapia. É essencial entrar em contato com um profissional que esteja familiarizado com as mudanças produzidas na boca por essas terapias. Apesar do índice de mulheres com câncer de boca ter aumentado, principalmente por terem desenvolvido o hábito de fumar e por terem aumentado o consumo de álcool, os homens ainda são os mais atingidos por esse tipo de câncer.