São Paulo (AUN - USP) -Algumas pessoas acreditam que Mona Lisa seja um auto-retrato, outros alegam que a Maria Madalena esteja representada na Última Ceia; estes são os mitos mais comentados quando se trata de Leonardo da Vinci. Deniol Tanaka, professor da Escola Politécnica da USP, mostrará as contradições de alguns destes mitos e apresentará sua visão sobre Leonardo da Vinci na palestra “Leonardo da Vinci: artista, engenheiro ou cientista?”. Analisando sua vida, historiadores divulgaram a descoberta da possível identidade da mãe de Leonardo da Vinci. Acreditava-se que ela era uma camponesa, mas estudos recentes indicam que uma escrava árabe herdada pelo pai de Leonardo. Mais um mistério revelado, mas ainda persistem muitos outros acerca da vida e obra do renascentista. Muito de seu legado foi perdido e a maioria de suas pinturas ou projetos nunca foram terminados. Por estas razões, sua figura alimenta mitos e especulações.
Leonardo da Vinci, vivendo na época em que ressurgia o pensamento científico na Europa, integrou a arte com as ciências. Segundo o professor, ele pintava para se sustentar, aproveitando o dom que tinha, mas sua real ambição era a engenharia. Para Deniol Tanaka, as duas disciplinas eram complementares, pois, considerando que ainda não existia fotografia em sua época, os desenhos eram muito úteis aos seus estudos.
A apresentação do professor, que se diz um curioso do gênio, será baseada em uma carta de da Vinci ao duque regente de Milão, Ludovico Sforza, que o chamara à cidade por sua habilidade como músico. Desejando ser conhecido como engenheiro, não como artista, ele escreveu uma carta ressaltando seus conhecimentos de construções e apresentando diversas promessas do que seria capaz de fazer: construir pontes portáteis, máquinas de guerra, navios, entre outros artigos. Um deles era um canhão a vapor, que por anos foi considerado inviável, até que um professor do MIT, em 2006, desafiou seus alunos a construí-lo. Foi provado que o invento era possível.
O professor mostra ainda que todos os mecanismos internos da escova-de-dente elétrica lançada em 2001 pela Oral-B já haviam sido desenhados por Leonardo da Vinci. Estas idéias estão entre as muitas idealizadas e registradas pelo pensador e que somente séculos depois foram viabilizadas. Leonardo da Vinci não acabava seus trabalhos, tanto obras de arte (a figura de Judas, por exemplo, não estava finalizada em A Última Ceia), como seus inventos, muitos compostos por mecanismos complexos para a época. Antes de terminar um projeto, ele já tinha uma nova idéia ou ia buscar explicações em outros campos, o que levou, por exemplo, a estudar anatomia. “Acredito que a vida foi curta para ele poder terminar tudo o que queria”, explica o professor.
Arte na Poli
O evento, que costumava chamar Semana de Artes na Poli (Sapo), foi prolongado devido ao grande número de atividades, que compreendem palestras, apresentações, oficinas e exposições divididas entre os prédios da unidade. A programação teve início em 15 de abril e será encerrada no início de junho. A palestra “Leonardo Da Vinci: artista, engenheiro ou cientista?” ocorrerá no dia 20 de maio, às 12h00, no Auditório Francisco R. Landi da Escola Politécnica da USP.