ISSN 2359-5191

12/05/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 34 - Economia e Política - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
Responsabilidade sócio-ambiental também é cobrada dos bancos

São Paulo (AUN - USP) - Bancos brasileiros acompanham tendência mundial e assumem maior responsabilidade sócio-ambiental. A sociedade civil é o principal dispositivo de mudança das ações, conforme apresentou o representante da ONG Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, Gustavo Pimentel, durante um debate sobre desenvolvimento sustentável. O evento ocorrido recentemente na Faculdade de Administração, Economia e Contabilidade (FEA-USP) trouxe ao público questões que vêm se tornando cada vez mais relevantes, como a relação entre economia e meio ambiente.

As instituições financeiras têm batido recordes de crescimento e lucro anuais, principalmente no Brasil. Isso implica numa maior oferta de crédito e facilitação no financiamento de diversos projetos dentro país. No entanto, nos últimos anos, tem se tornado freqüente a análise do investimento e suas conseqüências – ou seja, leva-se em consideração o risco de impacto social e ambiental do projeto a ser financiado. Pimentel, que gerencia o programa Eco-Finanças, alerta para a onda de propagandas a respeito da “responsabilidade ambiental” – que nem sempre tem fundamento. “Fique atento às instituições [financeiras] que estampam slogans do tipo: ‘nosso banco preocupado com o desenvolvimento sustentável desde a sua fundação em 1930’ ou ‘uma instituição que investe no meio ambiente’” e justifica, explicando que tal preocupação começou a existir apenas na última década.

Em países desenvolvidos, esse movimento de fiscalização existe há mais tempo e as ações de repreensão por parte dos cidadãos é mais eficiente. Um exemplo disso foi a campanha realizada contra o Citibank nos Estados Unidos por financiar empresas que não possuíam responsabilidade sócio-ambiental. A perda de clientes e a anti-propaganda feita, inclusive, com o apoio de celebridades prejudicou de tal forma a imagem do banco que foi necessário um enorme investimento para a reparação dos danos ambientais e recuperação de mercado.

Casos desse tipo fazem com que os bancos pensem duas vezes antes de financiar um projeto porque, além da pressão da sociedade civil para o desenvolvimento sustentável, há um alto risco de gasto na reparação de erros. Ao financiar uma empresa que destrói o meio ambiente, a instituição financeira assume a posição de sócia do negócio – sua imagem é associada a uma ação prejudicial ao meio ambiente e, caso haja a necessidade de indenização, deve colaborar nos pagamentos. No Brasil, em 2005, houve protestos contra o Bradesco por participar do consórcio que financiou a construção da hidrelétrica de Barra Grande no rio Pelotas, na divisa entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Nesse caso, houve uma fraude na documentação com relação aos impactos ambientais - no qual toda uma floresta de araucárias, em extinção, teria sido desconsiderada. A relação feita entre o financiador e o projeto que está gerando problemas sócio-ambientais é essencial, de acordo com o gerente do programa Eco-Finanças que completa “os jornalistas, de modo geral, não têm o hábito de fazer a ligação entre o acontecimento [problema ambiental] com seu financiador”.

Responsabilidade dos bancos
Existe, há algum tempo, alguns compromissos assumidos legalmente pelas instituições financeiras, como os Princípios para o Investimento (2006), Carbon Principles (2008) etc. Dentre eles, com maior abrangência, estão os Princípios do Equador – conjunto de termos criado em 2002 pelo International Finance Corporation (IFC) em parceria com os maiores bancos do mundo – que prevê medidas institucionais para financiamento de empresas privadas nos diversos setores da economia (no chamado project finance). Os signatários deste acordo devem cumprir normas para que o crédito oferecido siga padrões de responsabilidade sócio-ambiental e visem ao desenvolvimento sustentável. Mas Gustavo Pimentel afirma que a participação da sociedade civil é essencial e que, também, “é necessário ter uma articulação [entre as entidades mundiais] para que haja um monitoramento eficiente”.

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