São Paulo (AUN - USP) - A fase da adolescência é a predileta para a eclosão da maioria dos transtornos emocionais. O distúrbio mais temido deles é a psicose, não só pela gravidade e impacto que produz no entorno do paciente, como também pelo prognóstico e necessidade de tratamento imediato. Então, eis a questão: quando uma preocupação adolescente aparentemente rotineira se transforma num estado anormal psíquico? É isso que a Avaliação e Seguimento de Adolescentes e Adultos Jovens em São Paulo, Asas, analisa. É um grupo de pesquisa do Instituto de Psiquiatria, do Hospital das Clínicas, que avalia pessoas de 14 a 30 anos, na tentativa de diagnosticar quadros psicóticos que estão começando.

Psicoses são doenças difíceis de serem diagnosticadas, elas podem aparecer subitamente ou aos poucos. Psicóticos têm menor habilidade de mobilizar, deslocar, manter ou dirigir a atenção de acordo com a própria vontade. Uma das principais características do indivíduo é a falha em quantificar e classificar a prioridade dos estímulos. O paciente é incapaz de distinguir não só os estímulos externos como também os internos, logo a capacidade de agir sobre a realidade é imprevisível e diminuída. É muito importante que o tratamento comece o mais rápido possível. O professor Mário Louzã, responsável pelo projeto, diz que como os sintomas são vagos, há possibilidade da família acreditar que se trata apenas de uma fase. Mas devem ficar atentos aos sintomas para que não tardem o tratamento, pois quanto antes, melhor é.

Às vezes não é possível tratar em casa, pois o paciente não admite a doença e tampouco o medicamento. O psicótico não percebe que perdeu a noção do pensamento, percepção ou julgamento. A psicose também é conhecida como comportamento de “louco”. A causa dessa doença pode ser predisposição genética, fatores exógenos orgânicos, porém desenvolvidos devido a fatores ambientais, psicosociais. Uma situação estressante, por exemplo, pode desencadear uma psicose.

Segue uma lista de sintomas que podem caracterizar a doença: isolamento social; pensamento bloqueado. O indivíduo não consegue transmitir uma idéia com começo meio e fim; relaxo com a aparência; agitação e agressividade; não fala coisa com nexo; insônia e inapetência; sensações e desconfiança de estar sendo perseguido; alucinações auditivas, visuais ou olfativas; atribuição de significados diferentes a coisas que realmente estão acontecendo.

Também é importante ressaltar a participação da família, que deve ter muita paciência e compreensão. Devem tranqüilizar o paciente, explicando que as sensações que ele tem não são reais, embora não acredite. Pais de pacientes jovens, de 14 a 24 anos, o tratamento não pode esperar, pois as conseqüências podem ser catastróficas.