São Paulo (AUN - USP) - Cerca de 130 alunos de engenharia da USP deixam o país anualmente para cursar parte da graduação em universidades estrangeiras. Além de beneficiar os estudantes, a medida é interessante para os países que os recebem, uma vez que o Brasil passa por um processo de desenvolvimento econômico e constitui um mercado expressivo. Em algumas áreas, como a financeira e a da engenharia, a internacionalização do ensino é fundamental para o crescimento de empresas, por possuírem um caráter cada vez mais globalizado. Pelo fato de ser considerada uma das melhores faculdades de engenharia da América Latina, a Poli é procurada por faculdades estrangeiras para acordos de cooperação.
O Brasil, além de ter um grande mercado consumidor, possui ainda alto potencial de exploração, tornando-se um local atrativo para investimentos, explica o professor Henrique Lindenberg, vice-presidente da Comissão de Cooperação Internacional da Poli . Para uma empresa francesa, por exemplo, que queira se instalar aqui, é conveniente a contratação de profissionais que conheçam os sistemas brasileiro e francês e falem as línguas de ambos países. É mais vantajoso também o uso da mão-de-obra nacional, por ter custo mais baixo. O governo francês, portanto, oferece bolsas para estudantes estrangeiros possibilitando uma relação entre os países. A bolsa Eiffel, uma das mais concorridas, concedida pelo Ministério francês das Relações Exteriores, oferece cerca de mil euros por mês para os estudantes.
Tudo começou com uma iniciativa do Ministério da Educação brasileiro de enviar estudantes de engenharia para o exterior. O governo brasileiro, em um acordo que envolvia faculdades da Alemanha, França e Estados Unidos, concedia uma bolsa de um ano para os jovens selecionados. O programa durou três anos, mas foi o tempo suficiente para que as universidades reconhecessem os alunos da Poli e propusessem programas de duplo diploma para universidade, nos quais os alunos fazem uma parte do curso na universidade estrangeira e, ao se formarem, recebem o diploma das duas escolas. Esses convênios permitem também que estrangeiros venham fazer o curso no Brasil, apesar de a procura neste sentido ser mais baixa. Já faz oito anos que o processo é realizado.
Morar no exterior é uma experiência muito enriquecedora para estudante. O contato com outra realidade e cultura permite um olhar diferenciado e mais crítico de seu próprio país, diz o professor, que fez pós-doutorado na Inglaterra. Do ponto de vista profissional, há oportunidades de estágios em atividades diferentes das que são encontradas aqui, de acordo com as peculiaridades do país. É interessante conhecer pessoas de diferentes nacionalidades que trabalhem na mesma área, abrindo possibilidades de parceria futuras. Tudo isso é muito valorizado pelo mercado de trabalho cada vez mais internacionalizado. A Poli, que investiu na realização de acordos internacionais, manda alunos para diversos países, com destaque para a França, Itália e Alemanha. Já faz oito anos que o processo é realizado.