ISSN 2359-5191

05/02/2002 - Ano: 35 - Edição Nº: 02 - Saúde - Faculdade de Medicina
Medicina estuda distúrbios relacionados ao trabalho de telemarketing

São Paulo (AUN - USP) - Raramente imaginamos, quando ligamos para centrais de atendimento, que do outro lado da linha o profissional com a voz calma e amigável pode estar sofrendo de uma dor insuportável enquanto digita nosso nome. Lys Esther Rocha, da Faculdade de Medicina da USP, estuda casos como esse, de tele-operadores que sofrem de Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT).

Ela fez seu mestrado em 1989 sobre doenças relacionadas ao trabalho de digitadores. Na época, os digitadores trabalhavam oito horas por dia, com períodos de duas a três horas sem pausas e com muitas horas extras. A velocidade do trabalho era muito alta, chegando aos 12 mil caracteres por hora (ou seja, eles escreviam um texto como este, de 2.800 caracteres, em menos de 15 minutos).

Somente depois percebeu-se que outras categorias profissionais (como caixas, operadores de linha de montagem ou faxineiros) corriam riscos semelhantes, por consistirem em trabalhos repetitivos, em alta velocidade e em ambientes de trabalho inadequados.

Atualmente, casos de DORT começaram a ser verificados em profissionais de tele-atendimento. Eles muitas vezes trabalham com clientes irritados, o que traz grande tensão muscular para o profissional. Normalmente, um conjunto de fatores acaba levando aos distúrbios, como o mobiliário inapropriado, o ambiente de trabalho frio ou a falta de organização do trabalho. As pausas programadas impedem que o próprio trabalhador possa determinar o seu ritmo e estipule pausas para relaxamento muscular. O operador não tem muito controle de sua velocidade, pois chamadas continuam chegando num ritmo acelerado e supervisores verificam a qualidade e o tempo dos atendimentos. Outros fatores, como a pressão e a cobrança intensa exercidas pela chefia, podem aumentar ainda mais a tensão muscular, colaborando para o desenvolvimento de lesões.

Esther pretende conhecer o número de profissionais de telemarketing que se queixam de dores musculares e recomendar medidas preventivas para diminuir os distúrbios e lesões. Além disso, busca também entender os fatores de risco que fazem o profissional sentir dor, como a postura, a tensão ou os equipamentos inadequados. A universidade quer, com isso, dar recomendações às empresas para diminuir o número de casos de DORT entre seus trabalhadores, considerando os princípios da ergonomia (a análise e adaptação do trabalho às necessidades do homem) para apontar qual seria o melhor mobiliário para esses operadores.

Para a médica, as empresas já começaram a tomar medidas para prevenir esses distúrbios, como exeda e de reeducação da postura. Também são utilizados móveis mais apropriados e mais confortáveis para o trabalho, computadores com filtro para o monitor e teclados ergonômicos.rcícios para relaxamento da musculatura, programas de qualidade de vida e de reeducação da postura. Também são utilizados móveis mais apropriados e mais confortáveis para o trabalho, computadores com filtro para o monitor e teclados ergonômicos.

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