São Paulo (AUN - USP) - Uma pesquisa do Departamento de Engenharia de Minas e de Petróleo, da Escola Politécnica da USP, desenvolveu o protótipo de um equipamento que melhora a extração de óleo de uma rocha sedimentar, conhecida como xisto.
O projeto é capaz de retirar óleo de uma porção da jazida que ainda não é aproveitada. “Os finos do processo de extração retornam à mina sem nenhum processamento. Nós propusemos um meio de retirar óleo destes finos, antes deles retornarem às jazidas”, explicou Giorgio de Tomi, professor do Departamento de Engenharia de Minas e de Petróleo.
O processo Petrosix, da Petrobras, é o único, no mundo, que realiza, em escala industrial, a extração de petróleo do xisto. Esse processo consome muita energia, porque para destilar os produtos contidos no óleo, a rocha é aquecida a 500º C. Portanto, a pesquisa da Escola Politécnica é inovadora, pois propõe que, ao invés de se aquecer a rocha, a extração seja feita utilizando-se jatos de água de alta pressão ou alta velocidade. O protótipo é vantajoso, porque o uso da água, além de economizar energia, gera menos poluição que o aquecimento da rocha.
O fato de o Brasil possuir a segunda maior reserva de xisto do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, valoriza ainda mais essa pesquisa. Os demais países que possuem reservas não aproveitam, de nenhuma maneira, a rocha. “Nos Estados Unidos, o xisto é visto como uma reserva estratégica”, afirmou Giorgio.
A pesquisa ainda está na fase inicial, ou seja, ela foi provada na teoria. Foram feitos testes para certificação de que o jato de água de alta pressão poderia funcionar como uma ferramenta de extração de óleo do xisto. Uma vez comprovada a validade do conceito, a pesquisa busca convênios para investir em um projeto mais detalhado, que possibilite o desenvolvimento de um protótipo industrial.
A bomba de alta pressão utilizada na pesquisa foi fornecida, gratuitamente, durante uma semana, por um empresário brasileiro que vende e aluga esse material. “Nós operamos o equipamento no Departamento de Metalurgia, porque aqui [Departamento de Minas e de Petróleo] não havia terminais de energia disponíveis”, explicou o professor Wildor Hennies, que também participa do projeto. Os testes foram realizados com amostras de xisto oferecidas pela Petrobras.
A estatal brasileira desaprovou o fato de a faculdade ter divulgado os resultados dos testes sem seu consentimento. Mas os pesquisadores do projeto afirmam que a participação da Petrobras restringiu-se ao fornecimento das amostras de xisto. Não havia nenhum acordo do grupo com a estatal para que os resultados que surgissem fossem repassados a ela. Sendo assim, os pesquisadores afirmam que podem buscar os parceiros que julgarem adequados para investir em um projeto mais detalhado.