ISSN 2359-5191

20/05/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 40 - Economia e Política - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
Crise argentina na exportação de grãos afeta diretamente o Brasil

São Paulo (AUN - USP) - O protesto feito pelo setor agropecuário argentino em virtude do aumento dos impostos elevou a inflação no país e prejudicou o abastecimento do mercado externo, dentre os países afetados está o Brasil. Esse é um dos exemplos mais recentes que demonstram a influência e a importância da boa relação entre países vizinhos – conforme a opinião do professor da Universidade Nacional de Três de Febrero (Argentina), Felix Peña. Em uma aula exclusiva ministrada, recentemente, na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA-USP), ele discorreu sobre a atual situação entre Brasil e Argentina.

Segundo o professor, “a relação [entre os dois países] é inevitável” porque são fisicamente próximos e, dependendo do nível de relação diplomática e comercial que mantiverem, terão grandes vantagens ou desvantagens no cenário mundial. No caso da crise de grãos, especificamente, iniciada na Argentina após o aumento dos impostos sobre a exportação dos produtos agrícolas – a soja teve uma elevação de 10% e houve a criação de novas taxas, por exemplo, para o trigo – os preços brasileiros dos alimentos derivados subiu. O Brasil importa cerca de 70% do trigo utilizado no mercado interno e o país vizinho é um dos principais fornecedores, conseqüentemente, o fato explica o aumento dos preços de produtos como, por exemplo, o pão francês e o macarrão.

Para tentar amenizar o impacto nos preços o governo brasileiro anunciou que importará trigo dos Estados Unidos e do Canadá; em paralelo a isso, o governo argentino tenta conter a inflação interna dos alimentos causada pela crise no setor de grãos. De acordo com Peña, o evento é uma espécie de “ruído” entre os dois países que acaba prejudicando a ambos. Atualmente a população do Brasil é cinco vezes maior que a da Argentina e o PIB brasileiro – que era praticamente igual ao argentino na década de 1950 – é, aproximadamente, três vezes maior. Os dados apresentados comprovam a tese do professor de que a relação política-econômica entre os países vizinhos é cada vez mais dinâmica, densa e intensa.

Peña afirma que “cada vez mais a agenda bilateral Argentina-Brasil está inserida na agenda global e, particularmente na agenda regional [sul-americana]” e critica a cultura, predominante nas relações internacionais, de que quanto mais próximos estão os países entre si, maior é o grau de desconfiança entre eles. A crítica baseia-se na constatação do constante crescimento das múltiplas opções comerciais que não tornam as relações bilaterais um fator excludente de outros mercados. Quando questionado a respeito da rixa entre argentinos e brasileiros, o professor foi direto: o brasileiro precisa ter cautela ao já se considerar uma potência mundial pelo destaque no setor energético e, o argentino precisa perder essa “sensação de ser europeu” – já com relação ao futebol, dá uma risada discreta e argumenta que o tema foge do âmbito de seus estudos sobre relações internacionais.

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