São Paulo (AUN - USP) - O dono da obra é o arquiteto que pensa e projeta essa obra, o papel do engenheiro é auxiliar o arquiteto para que o projeto aconteça, pois quando não há essa hierarquia a falta de centralização leva a problemas no desenvolvimento da obra. Para que uma construção seja bem sucedida é necessário que haja um entendimento mútuo entre o arquiteto e o engenheiro responsável pela obra. No entanto, o engenheiro não deve permitir que o arquiteto crie estruturas impossíveis de se concretizarem com segurança. Isso foi afirmado pelo engenheiro e professor Bruno Contarini durante sua palestra sobre suas obras realizadas com Oscar Niemayer que fez parte da programação do “Mês das Artes da Poli”.
As obras do famoso e já centenário arquiteto brasileiro são um dos assuntos discutidos nos eventos que constituem o “Mês das Artes da Poli”. O evento que está ocorrendo no Prédio da Administração da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo traz diversas palestras, apresentações e oficinas sobre temas variados.
Contarini conta um episódio que demonstra a responsabilidade e a função do engenheiro em uma obra. Segundo ele, na Argélia foi obrigado pelo Ministério da Hidráulica a fazer um túnel não poderia ser construído. Quando se recusou a fazê-lo ameaçaram rescindir o contrato com penalidades, então acabou iniciando a obra. “Estava no Rio quando recebi a ligação de um dos engenheiros que estavam supervisionando a obra. Ele disse na quinta-feira que a construção cairia no domingo, quando cheguei lá na segunda e a obra já tinha caído no domingo”.
A primeira palestra que abriu o Mês das Artes foi ministrada pelo Prof. Rodrigo Queirós da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo e tratava do viés arquitetônico das obras de Niemeyer. A Palestra do engenheiro Contarini, intitulado “Estruturas das obras de Oscar Niemeyer” buscava discutir de fato a parte estrutural das mesmas obras.
O engenheiro expôs alguns dos desafios e as soluções encontradas em quatro das obras que realizou com projetos arquitetônicos de Niemeyer. Ele dissecou e discutiu diversos aspectos das obras da Universidade de Constantine, feita na Argélia em 1969, do edifício sede a editora Mondadori em Milão de 1968, do Palácio do Itamaraty e o Museu de Arte Moderna de Niterói (MAM – RJ). Essa última obra foi especialmente aclamada sendo considerada por muitos especialistas uma das construções mais singulares e belas de sua época.
Bruno Contarini se formou em engenharia civil com especialização em arquitetura pela Universidade do Brasil, atual UFRJ e tem larga experiência na construção de pontes e grandes estruturas. Realizou muitos projetos como a construção da Vila Olímpica dos Jogos Panamericanos do Rio de Janeiro em 2007 e no comando de grandes obras como a ponte Rio – Niterói. Em 1997 ganhou o prêmio de Melhor Engenheiro de Estrutura concedido pelo Ibracon - Instituto Brasileiro de Concreto, e em 2005, recebeu o Prêmio Vitória de Melhor Engenheiro, concedido pelo Sindicato de Produção Nacional de Cimento. Segundo ele, teve a sorte de trabalhar ao lado de grandes nomes da arquitetura brasileira como Sérgio Bernardes, Carlos Maia, Lúcio Costa, Afonso Eduardo Reidy e ainda fazer os projetos estruturais de diversas obras ao lado de Oscar Niemeyer no Brasil e no exterior.