ISSN 2359-5191

02/06/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 44 - Economia e Política - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
Mulher negra recebe a pior remuneração salarial

São Paulo (AUN - USP) - Estudo aponta que a mulher negra costuma receber o menor salário dentro do mercado de trabalho, a maior justificativa seria a dupla discriminação (gênero e etnia). Já é comprovado que a mulher possui um grau de remuneração menor que o homem, mas quando se consegue embutir a etnia na pesquisa, o resultado é a diferença salarial também entre a branca e a negra. Este foi um dos principais pontos de discussão do seminário Programas e Ações para a Promoção Social da Mulher Negra, ocorrido recentemente na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA-USP).

O último levantamento feito pelo IBGE afirma que, hoje, a porcentagem de negros na população é de aproximadamente 49,5%; em contrapartida, o instituto também constatou que apenas 3,5% dos negros ocupam cargos de alto escalão no país (0,5% mulheres). Essas estatísticas demonstram a realidade no mercado de trabalho brasileiro e alertam para a questão do preconceito – ainda muito arraigado na sociedade. No entanto, quando se analisa a situação da mulher negra especificamente a conclusão é ainda mais alarmante. Segundo a Secretária da Cidadania da Prefeitura de Sorocaba, Mazé Lima, a situação desta não se inclui nos problemas de gênero simplesmente – isso porque, além do fato de ser discriminada por ser mulher, possui o agravante de ser também negra.

Lima diz que “a mulher negra tem um papel muito importante na construção sócio-econômica e cultural do país” e justifica que, desde a época da escravidão, é ela quem cria e muitas vezes educa, o filho do branco. A partir daí, vem à tona um dos problemas que dificulta a inserção da mulher negra no mercado de trabalho: a falta de aparatos sociais – por exemplo, a creche para os filhos – que a auxiliem na hora de trabalhar. Com relação a esse aspecto, o estudo feito sobre a discriminação salarial mostra que o resultado do programa Bolsa Família tem sido bastante positivo, principalmente, para a mulher negra de família monoparental – ou seja, aquela em que os filhos são criados sem presença do pai.

Para a professora da FEA-USP, Maria Cristina Cacciamali – responsável pelo projeto Uma perspectiva comparada sobre a discriminação de salários entre empregados formais e informais segundo gênero e raça –, “os programas de transferência de renda estão funcionando muito melhor do que quando foram criados. E é assim que tem que ser”. Cacciamali explica que o método de pesquisa do estudo partiu de dados a respeito de uma determinada função exercida no mercado de trabalho e seu respectivo salário pago a um homem branco, em seguida, supõe-se que o trabalho seja exercido por um homem negro ou por uma mulher branca/negra. A remuneração varia e, de acordo com a professora, o que pesa é o grau de escolaridade e qualidade – nesse caso, ela é incisiva ao afirmar que o grande problema é a diferença que há na oferta de oportunidades entre negros e brancos.

Algumas das propostas, apresentadas ao longo do debate, para tentar superar tais diferenças são: a intervenção direta na educação para que haja uma cultura de maior tolerância entre as etnias; a valorização da identidade e auto-estima da população negra; a ampliação das oportunidades de treinamento e profissionalização e a implementação dos serviços públicos. Para a professora, “o racismo hierarquiza os grupos” e a melhor solução para o problema é “a educação [que] transforma e melhora as condições do discriminado”.

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