ISSN 2359-5191

02/06/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 44 - Sociedade - Instituto de Psicologia
Terceirização modifica padrões sociais do trabalhador
Debate no Instituto de Psicologia da USP reúne estudiosos na área trabalhista para discutir a terceirização

São Paulo (AUN - USP) - Ainda que apenas o 1º de Maio seja o Dia do Trabalhador, as discussões geradas pela data se prolongam pelo mês todo. Em debate realizado no Instituto de Psicologia da USP, com estudiosos de diferentes universidades, o tema abordado esse ano foi “A terceirização consumada e suas repercussões psicossociais”, discutindo as mudanças que o fenômeno agrega à sociedade, como as transformações nos padrões sociais.

Essa forma de organização do trabalho “chegou para ficar”, segundo o professor da Escola Politécnica da USP, Afonso Carlos Fleury. Resultante de um processo de reestruturação dos sistemas de produção, o desenvolvimento só foi possível no contexto das décadas de 70 e 80, com as mudanças das condições do mercado, o sucesso japonês de modelo de gestão e as tecnologias de transporte e informação.

De acordo com o pesquisador, essa otimização do trabalho gerou uma necessidade de especialização, e o serviço que não era realizado pela própria empresa, necessitava suprimento de novas parcerias e fornecedores. A partir disso, a produção começa a organizar-se em redes terceirizadas. Para Afonso, uma questão relevante é quem comanda e pode entrar na rede.

Os outros componentes da mesa colocaram justamente esses pontos em evidência. O professor Jacob Carlos Lima, da Universidade Federal de São Carlos, ressaltou o problema de uma precarização do trabalho devido a terceirização, e que o diálogo entre os sindicatos e as empresas seria fundamental na defesa do trabalhador. De acordo com Jacob, são visíveis o crescimento do desemprego e o aumento da vulnerabilidade social que ocorrem de formas distintas em vários países. Para ele, os salários até podem ser atraentes, mas estão separados das noções de direito social, cidadania salarial, estabilidade e futuro do trabalhador.

Já o professor Milton de Athayde, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro atenta para a precisão de uma profundidade no assunto. “O que mais se vê é a denúncia das ameaças, mas é insuficiente. Temos que descobrir as oportunidades no real.” Para o pesquisador, antes de seguir as tendências mundiais em relação aos países que estão bem com o processo, é preciso se pensar uma “terceirização à brasileira”. Para isso, é preciso fugir da mera relação de causa e efeito, e pensar em qualidade, não só em organização.

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