ISSN 2359-5191

03/06/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 45 - Meio Ambiente - Escola Politécnica
Investimento em tecnologias limpas traz vantagens econômicas e ambientais

São Paulo (AUN - USP) - A poluição decorrente dos processos industriais tende a aumentar cada vez mais, pois as atividades do setor acompanham os crescentes índices de consumo da sociedade. Essa perspectiva aumenta a importância de pesquisas, como a do Laboratório de Sistemas Integráveis da Escola Politécnica da USP, que buscam o desenvolvimento de tecnologias limpas.

Esses estudos visam ao alcance de processos de produção que gastem o mínimo de recursos e gerem a menor quantidade possível de resíduos. Aliás, os pesquisadores da área evitam o uso do termo “resíduo”, pois a intenção das pesquisas é formar co-produtos, ou seja, pegar aquilo que é descartado em determinado processo de produção e aproveitar em outro. Dessa forma, além de ser ambientalmente correto, o investimento em tecnologias limpas é economicamente vantajoso.

O Laboratório de Sistemas Integráveis estuda o desenvolvimento dessas tecnologias, principalmente, no setor de eletroeletrônicos. O grupo trabalha, por exemplo, na miniaturização de equipamentos, pois a diminuição do uso de recursos preserva as matérias-primas e reduz a poluição decorrente da produção e do descarte do aparelho. “Toda tecnologia que nós usamos está aí desde 1980, o que fazemos é adaptá-la à idéia das tecnologias limpas”, esclareceu Maria Lúcia da Silva, coordenadora da pesquisa.

Na área de eletroeletrônicos, em especial, há uma maior dificuldade em se pensar processos de produção ambientalmente viáveis. Não é possível, por exemplo, fabricar esse tipo de tecnologia usando matéria-prima renovável. A solução, portanto, é achar um processo de reciclagem eficiente e, para isso, não basta abordar apenas o processo de produção ou a operação do equipamento. “Estudamos o ciclo todo para podermos reciclar e, em teoria, nunca mais perdermos essa matéria-prima, uma vez que ela não é renovável”, explicou Maria Lúcia.

A divulgação dessa linha de pesquisa é feita de diversas maneiras. O grupo desenvolveu, por exemplo, dois softwares educativos. Um deles é uma brincadeira em que o usuário faz escolhas a respeito da implantação de um empreendimento em uma ilha e, dependendo do caminho seguido, ele consegue, ou não, a permissão ambiental para o investimento. O outro software aborda a questão do uso da água sob o aspecto econômico, mostrando ao usuário o quanto ele consome desse recurso por mês. “As pessoas podem ser mais limpas em suas casas, basta reduzirem os gastos. É preciso conscientizá-las disso”, constatou Maria Lúcia.

Outra forma de divulgação do assunto da pesquisa é o e-book. Além de ter um custo praticamente nulo, ele é capaz de compactar conceitos e, assim, direcionar e facilitar as pesquisas dos usuários. Por isso, empresas que desejam fazer um treinamento rápido de seus funcionários na área de educação ambiental, utilizam-se desses e-books e, também, dos softwares.

Apesar de algumas tecnologias, desenvolvidas por essa linha de pesquisa, terem sido avaliadas por empresas, o grupo não conseguiu que nenhuma das indústrias as colocasse em produção. Mas, por outro lado, as pesquisas tiveram a participação de alunos que, hoje, aplicam o que aprenderam nas empresas em que trabalham. A capacitação de profissionais, portanto, é mais uma forma de divulgação dessa linha de pesquisa do Laboratório de Sistemas Integráveis da Escola Politécnica. “É possível mandar tecnologia para fora via recursos humanos. Não precisa ser só por patentes”, afirmou Maria Lúcia.

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