ISSN 2359-5191

05/06/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 48 - Educação - Instituto de Física
Licenciatura de Física não prepara professores para sala de aula

São Paulo (AUN - USP) - Um dos problemas mais latentes do curso de Licenciatura em Física é que ele não prepara verdadeiramente o aluno para ensinar, segundo foi avaliado no I Encontro de Licenciatura do Instituto de Física da USP ocorrido recentemente. A base teórica fornecida pela universidade é muito forte, mas a parte prática está muito longe da realidade a ser enfrentada pelos futuros professores nas salas aulas.

Esse problema, assim como a maior parte dos que atingem o ensino de Física, não é exclusivo, mas afeta os cursos de licenciatura de maneira geral. A professora Maria Lúcia Abib, do Instituto de Educação, afirma que isso ocorre pois a didática utilizada é basicamente a mesma independentemente da matéria que será ensinada. Entretanto, em um curso de exatas como a Física, a falta de uma parte pedagógica é ainda mais danosa, porque a parte teórica tende a ser mais técnica que a dos cursos de humanas. Mesmo que possuam um alto conhecimento do assunto, professores sem um preparo específico para lecionar acabam não sabendo simplificar o conhecimento para uma linguagem mais próximas dos estudantes.

Os estágios, que deveriam inserir os alunos na realidade da sala de aula, são muito difíceis de conseguir ou então acontecem em condições precárias. Alguns professores chegam até a assinar presença para os estagiários para que eles não compareçam nas aulas, pois as escolas não têm preparo para recebê-los, não os vêem como uma ajuda, mas como mais uma responsabilidade. Além de tudo, a universidade não tem um convênio com escolas para garantir estágios para os estudantes de licenciatura, só se conseguem estágios a partir de iniciativas individuais.

Diante desse quadro, os professores e os alunos participantes do encontro ressaltaram a importância de eventos como esse, que promovam um encontro entre a comunidade docente e os alunos para avaliar, repensar e propor soluções para os principais problemas que atingem o curso. Porém “não adianta ficar só na discussão, é preciso partir para a ação. Na universidade existe muita gente para debater e poucas pessoas para tomar decisões”, afirma a professora Maria Lúcia, que também dá aulas no Instituto de Física. Segundo ela, os problemas são conhecidos há muito tempo, mas as soluções demoram a chegar devido à dificuldade em se conseguir um consenso sobre o que precisa ser feito e a enorme burocracia pela qual se tem que passar para promover mudanças na universidade.

Para agilizar esse processo deve-se pensar além de quem é o responsável por tudo isso, diz Maria Lúcia. Como alterações estruturais são difíceis de conseguir, é necessário definir o que cada um pode fazer para melhor preparar os futuros professores de física. A instituição e principalmente os professores e alunos devem juntar esforços para aprimorar o curso e vencer as inúmeras dificuldades constatadas.

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