ISSN 2359-5191

09/06/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 49 - Ciência e Tecnologia - Faculdade de Medicina
Vacina do HIV desafia pesquisadores da Medicina da USP

São Paulo (AUN - USP) - Pesquisadores do Laboratório de Imunologia e Alergia da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), coordenados pelo professor Edécio Cunha Neto, procuram descobrir a vacina contra o vírus HIV, causador da AIDS. Alguns fatores como o alto grau de mutação do vírus e a impossibilidade de saber se o medicamento funciona pela falta de testes efetivos se mostram como desafios na pesquisa.

A vacina não curará a AIDS, apenas retardaria o seu efeito. A idéia principal da pesquisa, segundo Cunha Neto, era descobrir uma maneira de deixar os pacientes soropositivos imunocompetentes, ou seja, com o organismo capaz de ter uma resposta imunológica adequada.

O vírus HIV ataca diretamente o sistema imunológico, mais precisamente os linfócitos T CD4, que são os controladores de toda a resposta imunológica do corpo. Daí vem a afirmação que uma pessoa não morre de AIDS e, sim, de uma doença oportunista; sem o sistema imunológico, qualquer doença (até um resfriado) pode ser fatal.

O medicamento preconizado por Cunha Neto pretende diminuir a carga viral do soropositivo. Através de estímulos aos linfócitos T CD8, os "killers". Tais linfócitos são capazes de liberar enzimas que matam as células que apresentam o vírus sendo replicado.

O HIV é um retrovírus, o que significa que se material genético é o RNA. Assim, quando o HIV infecta uma célula, ele consegue fazer com que seu RNA vire DNA, e que este penetre no DNA da célula, a qual infectada passa a "trabalhar" para o vírus e a fazer mais deles.

O CD8, então, mataria as células infectadas; dessa maneira, cortaria a "fonte" de vírus, fazendo com que a carga viral diminuísse.Esta é a principal diferença da vacina para o coquetel anti-retroviral usado hoje em dia para combater os efeitos da AIDS. Ela só não curaria o paciente porque existem células infectadas pelo HIV que não produzem mais vírus, em estado de latência.

Problemas no caminho
Das duas vezes que foi testada em grupos de humanos, a vacina desse tipo não deu resultado positivo. Segundo Cunha Neto:"As medidas imunológicas que se têm hoje não correspontem ao estado de proteção imunológica contra o HIV".Por causa da falta de conhecimento das nuances da doença no corpo, não se sabe qual tipo de resposta imunológica é eficaz para neutralizar o HIV.

A vacina pesquisada na FMUSP pretende ser diferente porque também estimula respostas do linfócito T CD4, muito importante para a produção de CD8´s; além disso, eles pensam numa forma de "rastrear" o HIV na maior parte das pessoas: pesquisaram quais aminoácidos formam o HIV presente na maioria dos infectados para que os linfócitos possam reconhecer e combatê-los O HIVé um vírus tão mutante que, dentro do corpo da pessoa, ele encontra maneiras de se camuflar contra a ação do sistema imunológico e chega a modificar várias vezes a suas estrutura básica para isso.

A próxima etapa da vacina será o teste em macacos-reso, que será feita nos EUA, já que não há, no Brasil, um lugar apropriado para testes em macacos infectados por um vírus parecido com o HIV. Mesmo assim, os estudos em cima das respostas do organismo soropositivo não cessarão.

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