São Paulo (AUN - USP) - Quem come alga? A primeira resposta pode ser negativa, mas o uso de algas na alimentação, longe de estar restrito aos países orientais, constitui um mercado emergente que movimenta US$ 3 bilhões todo ano. Encontradas em alimentos que vão desde as cervejas até o tradicional sushi, essas plantas ganham consumidores em busca de uma alimentação equilibrada.
Segundo a professora Fungyi Chow, do Instituto de Biologia da USP, as algas são saudáveis porque carregam consigo uma grande quantidade de proteínas, aminoácidos, sais minerais e vitaminas ao custo de um baixo teor calórico e de gordura. Mesmo assim, o consumo por quem não tem o hábito de ingerir o alimento deve ser moderado: as algas possuem paredes celulares grossas que podem causar problemas ao serem digeridas. Segundo ela, os povos orientais, que consomem o produto em abundância, não correm o mesmo risco, já que possuem a flora intestinal adaptada para esse tipo de digestão.
Os primeiros a utilizarem as algas em sua dieta foram os chineses, que conhecem as plantas desde o ano 300 a.C. No ocidente, antes do uso se tornar difundido (desde 1984, o consumo aumentou 119%), as algas eram coletadas na Europa para serem utilizadas como ração animal, adubos e fonte de sal. Os astecas, na América, consumiam a Spirulina, uma microalga azul rica em proteínas. Entre os povos litorâneas, além dos peixes e moluscos, também era comum o consumo dessas plantas.
Hoje, elas correspondem a 20% da dieta diária da população do Japão, a que apresenta o maior consumo. Além de temperos, acompanhamentos, saladas e sopas, as algas constituem vários outros alimentos de uso popular, como gelatinas, ketchup, hambúrgueres e alimentos dietéticos. Segundo Fungyi Chow, esse uso amplo é devido a um substrato encontrado nas microalgas, os ficocolóides, que são utilizados como aditivos, para dar viscosidade aos alimentos. Nas cervejas, por exemplo, são os responsáveis pela consistência, transparência e espuma.
Entre os obstáculos que fazem do uso de algas in natura um hábito muitas vezes excêntrico, a professora elenca a falta de informação e o gosto controverso. Segundo ela, algumas espécies são tóxicas, o que gera uma compreensível apreensão, agravada pelo fato de a maior parte dos produtos vir embalada em idiomas orientais. Quanto ao sabor, Fungyi admite que algas não tem gosto nenhum. “É como macarrão, depende do molho”, ameniza.